quinta-feira, 9 de julho de 2009

Montevidéo e Punta del Leste



§ Sendo mais específica, falarei agora das duas principais cidades que visitei no Uruguai.


§ Montevidéo, como todos já devem saber, é a capital e maior cidade, concentrando praticamente a metade da população do país. Ou seja, é uma cidade relativamente grande, mas o tempo todo eu me sentia andando em uma cidade do interior. E não fui só eu. Os brasileiros que estavam no meu quarto falaram a mesma coisa. As pessoas lá parecem muito tranqüilas, não se vê ninguém naquela correria a qual estamos acostumados nas grandes cidades. A mesma coisa é o trânsito: eu não conseguia acreditar que estava no centro porque não havia engarrafamentos! No máximo uma buzinadas quando alguém atravessava a rua.


§ Como eu já mencionei no outro post, em todo lugar havia pessoas tomando o chimarrão. Nas praças eram dezenas. As pessoas realmente paravam nos parques para descansar ou ficar conversando. Isso também percebi ser comum na Argentina e no Chile, mas no Uruguai as pessoas pareciam realmente mais tranqüilas e calmas. Eu sei que esse também é um hábito comum em muitas cidades do Brasil, mas eu fiquei maravilhada porque aqui no Rio, ficar sentado sozinho num parque é pedir para ser assaltado. Em relação ainda a essa tranqüilidade da população, eu saí uma noite para jantar com um amigo, que é uruguaio, e ele estava me zoando porque eu andava muito rápido. Eu comecei a explicar que já é costume, que por conta da correria do dia a dia, eu tô sempre caminhando rápido, mesmo quando tenho nada para fazer. Ele disse que sempre anda devagar, que não tem esse estresse, não tem necessidade de correr.


§ Outra coisa: o centro de Montevidéo parece um pouco sujo e abandonado. Prédio antigos caindo aos pedaços, os "azulejos" das calçadas quebrados e soltando. Como meu primeiro contato foi com o centro da cidade, fiquei com uma má impressão do país. Comecei a achar que estavam mesmo vivendo uma decadência, como na Argentina (se bem que não achei a Argentina assim tão decadente, mas sabe como os argentinos são histéricos e insistem em dizer que são uma sociedade decadente...). Mas depois que comecei a andar mais e a visitar outros bairros, essa idéia foi por terra. O centro está mesmo sujo e abandonado, mas as outras partes da capital são bonitas e bem cuidadas. A praia de Pocitos me lembrou muito a de Icaraí, em Niterói.


§ Outra coisa II: É impressionante a quantidade de cocô de cachorro que há na rua (acho que isso contribuiu muito pra imagem de sujeira da cidade)! E o mais curioso é que nem são vistas tantas pessoas com cães nas ruas, como em BsAs ou até mesmo aqui em Copacabana, por exemplo. Mas o número de excrementos pode ser multiplicado por 10 ou mais. Eu ficava pensando, ou esses cachorros têm alguma mutação ou a maior parte deles só sai às ruas pela noite. Mas nem à noite eu via muitos cachorros na rua...


§ Enfim, passando agora para Punta del Leste, eu acredito que a mesma seja bem legal para visitar no verão. Porque no inverno ela parece uma cidade fantasma. Só para ter uma idéia, no verão ela fica com aproximadamente 300 mil habitantes. Já no inverno, são apenas uns 8 mil... Não tinha quase ninguém nas ruas, quase todas as lojas e restaurantes estavam fechados. A única vantagem é que os preços também estavam melhores. Punta é considerado um destino de luxo, então as coisas por lá costumam ser bem caras. Por exemplo, a diária de um albergue normal que geralmente custa por volta de U$15 no inverno (assim como em quase todas as cidades do cone sul), no verão chega a U$40! Praticamente preço de hotel...





§ As praias uruguaias são bonitas mesmo. O mar é azul escuro e a areia é clara, bem parecido com algumas praias do Brasil. O mar é gelado, mas eu coloquei a mão na água e não achei nada sobrenatural, até porque o mar aqui no Rio é bem frio também; água quentinha, só no nordeste. Óbvio que o Uruguai é mais frio, então não é só a água do mar que conta, é todo o conjunto. No inverno carioca, de 28°C geralmente, a gente vê milhares de pessoas na praia. Em Punta del Leste, tirando um casal que estava na praia Brava tirando fotos no mesmo momento que eu, só vi mais um ser caminhando em uma outra praia.


§ Falando agora sobre sentimentos, em Punta del Leste eu senti saudades de casa. Deve ter sido porque as praias lembravam a de Copacabana. Tanto que quando eu coloquei a mão na água, foi mais pra tentar buscar um ligação com a minha casa que pra tentar medir a temperatura. Em Vinã del Mar e Reñaca eu também tinha ido à praia, só para conhecer e sentir a temperatura do mar. Mas não havia semelhanças com o lar. Em Punta eu fiquei bastante tempo olhando o horizonte, o infinito, admirando a paisagem, sozinha. E foi uma das poucas vezes que me senti sozinha durante toda a viagem, mas esse momento me fez bem, porque me senti conectada ao Rio de alguma forma.


§ Eu visitei o Uruguai já no fim da viagem, então estava bastante cansada. E também foi o país que menos pesquisei nos preparativos pro mochilão. Por isso, ao chegar lá, me senti um pouco perdida. Tirando as coisas básicas que já conhecia mesmo antes da viagem, como La Mano, Casapueblo, Ciudad Vieja e Teatro Solis, eu não sabia o que visitar. Eu tinha uma amigo lá, o Fede, mas só nos víamos à noite, depois que ele saía do trabalho. Conheci uns brasileiros que estavam no meu dormitório, porém já eles estavam indo embora. Fora isso também só fiz amizade com a Tara, uma australiana que ficou apenas uma noite em Montevidéo, e que depois reencontrei em BsAs. Juntando a tudo isso que citei a tranqüilidade e o "clima de interior", acredito que tenham sido esses os fatores que me fizeram sentir sozinha no Uruguai.


§ Eu gostei de lá sim, e a viagem foi uma ótima oportunidade para rever meu amigo. Mas tenho que ser sincera, quando eu voltar ao país, será no verão.

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