segunda-feira, 20 de julho de 2009

Michael Jackson

§ Já faz quase um mês que o rei do pop foi dessa pra uma melhor, mas só agora que vou escrever algo sobre o ocorrido aqui. Esse atraso na postagem talvez reflita o meu atraso para ter ciência dos acontecimentos: eu freqüentemente sou a última a saber das coisas!

§ No dia 25/06 eu estava em BsAs e durante a noite, quando estávamos no bar do hostel conversando e tocava incessantemente Michael Jackson, um dos meninos começou a zoar que o MJ tinha morrido, que só poderia ser por isso que estavam tocando tanto as suas músicas. Na hora eu achei mesmo que fosse uma brincadeira: tipo, quando um cantor morre, sempre escutamos as músicas dele, mesmo que sejam bregas, cafonas, péssimas ou do milhares de anos atrás. Por conta disso eu pensei que fosse apenas uma brincadeira.

§ Algumas horas depois, antes de sairmos, acessei a internet e descobri que ele tinha mesmo falecido. Eu não era uma grande fã, mas fiquei chocada. Mas aí foram tantos dias falando de MJ, vendo nos noticiários as informações sobre a vida e a morte de MJ, ouvindo em todas as rádios as músicas do MJ (se duvidar, até na MEC FM tocou alguma coisa dele, executada por alguma orquestra), enfim, MJ foi presença tão constante na mídia que de alguma forma ele se manteve vivo para todos nós. Eu até descobri que conhecia mais músicas do rei do pop do que imaginava...

§ O funeral foi um espetáculo. Juro que em um dado momento, durante uma das apresentações musicais, eu cheguei a pensar que o MJ sairia do caixão, começaria a dançar e a cantar com povo, e depois explicaria que tudo aquilo tinha sido uma jogada de marketing pro lançamento da sua nova turnê. Esse pensamento durou uns dez segundos, motivado por todo o circo montado. Mas tenho que admitir que me emocionei. E de qualquer maneira, seria muito "sem-graça" se ele tivesse um velório e enterro simples, discretos. Não combinaria com o status pop dele, não combinaria com essa sociedade de espetáculo que vivemos, com essa sociedade da informação que pode acompanhar guerras, desastres, passeatas, catástrofes e afins, ao vivo, em praticamente qualquer lugar do planeta. O funeral do MJ tinha mesmo que ter toda essa cobertura da mídia, que de certa forma, parece ter destruído a sua vida também.
§ Como eu já mencionei, eu não era grande fã do astro. Acho que chorei mais pela emoção (eu gosto muito da american black gospel music, que recheou o funeral). Mas depois, assistindo aos videos do Jackson five e vendo aquele Michael tão pequenininho e lindinho, com aquele brilho nos olhos que as crianças têm, eu fiquei triste, bem triste. Dá pena ver aquela criança inocente e talentosa e pensar no ser bizarro e infeliz no qual ela se transformou. A vontade que eu tenho é de invadir a tela da televisão e tomar o pequeno Michael, e cuidar dele. E deixá-lo ser uma criança.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

E se...

§ Todos dizem que não existe "e se..." na História. Mas não tem como fugir, a gente sempre fica imaginando como seriam as coisas se tal fato tivesse ocorrido ou não sido interrompido.
§ Ontem eu estava assistindo em um noticiário a uma reportagem acerca de uma pesquisa que um órgão internacional fez sobre a educação em vários países. Como era de se imaginar, nossa educação continua mal, bem mal...
§ Então comecei os questionamentos do "e se...". Em 1963, se eu não me engano, João Goulart lançou um plano de reformas de bases (desculpem-me os historiadores, não lembro exatamente o nome do plano), que contemplavam a reforma agrária, a tributária e a educacional, entre outras. É claro que a somente a possibilidade dessas reformas mexeu com a "I"greja, a elite e a burguesia, os militares e o interesse estrangeiro (EUA), e não deu outra: o golpe civil-militar.
§ E que raiva me dá pensar nisso. Todas essas reformas do Jango pareciam ser boas, e óbvio que eu fico pensando como o Brasil seria se elas tivessem sido feitas e se o nosso país não tivesse sofrido a intervenção militar. Só que uma coisa é certa: Paulo Freire estava à frente da reforma educacional, e após o golpe, fugiu para o Chile e posteriormente para Cuba, países com os quais dividiu as suas idéias. Conclusão: Chile e Cuba são as duas nações latinoamericanas com os melhores sistemas e desempenhos educacionais.
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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Montevidéo e Punta del Leste



§ Sendo mais específica, falarei agora das duas principais cidades que visitei no Uruguai.


§ Montevidéo, como todos já devem saber, é a capital e maior cidade, concentrando praticamente a metade da população do país. Ou seja, é uma cidade relativamente grande, mas o tempo todo eu me sentia andando em uma cidade do interior. E não fui só eu. Os brasileiros que estavam no meu quarto falaram a mesma coisa. As pessoas lá parecem muito tranqüilas, não se vê ninguém naquela correria a qual estamos acostumados nas grandes cidades. A mesma coisa é o trânsito: eu não conseguia acreditar que estava no centro porque não havia engarrafamentos! No máximo uma buzinadas quando alguém atravessava a rua.


§ Como eu já mencionei no outro post, em todo lugar havia pessoas tomando o chimarrão. Nas praças eram dezenas. As pessoas realmente paravam nos parques para descansar ou ficar conversando. Isso também percebi ser comum na Argentina e no Chile, mas no Uruguai as pessoas pareciam realmente mais tranqüilas e calmas. Eu sei que esse também é um hábito comum em muitas cidades do Brasil, mas eu fiquei maravilhada porque aqui no Rio, ficar sentado sozinho num parque é pedir para ser assaltado. Em relação ainda a essa tranqüilidade da população, eu saí uma noite para jantar com um amigo, que é uruguaio, e ele estava me zoando porque eu andava muito rápido. Eu comecei a explicar que já é costume, que por conta da correria do dia a dia, eu tô sempre caminhando rápido, mesmo quando tenho nada para fazer. Ele disse que sempre anda devagar, que não tem esse estresse, não tem necessidade de correr.


§ Outra coisa: o centro de Montevidéo parece um pouco sujo e abandonado. Prédio antigos caindo aos pedaços, os "azulejos" das calçadas quebrados e soltando. Como meu primeiro contato foi com o centro da cidade, fiquei com uma má impressão do país. Comecei a achar que estavam mesmo vivendo uma decadência, como na Argentina (se bem que não achei a Argentina assim tão decadente, mas sabe como os argentinos são histéricos e insistem em dizer que são uma sociedade decadente...). Mas depois que comecei a andar mais e a visitar outros bairros, essa idéia foi por terra. O centro está mesmo sujo e abandonado, mas as outras partes da capital são bonitas e bem cuidadas. A praia de Pocitos me lembrou muito a de Icaraí, em Niterói.


§ Outra coisa II: É impressionante a quantidade de cocô de cachorro que há na rua (acho que isso contribuiu muito pra imagem de sujeira da cidade)! E o mais curioso é que nem são vistas tantas pessoas com cães nas ruas, como em BsAs ou até mesmo aqui em Copacabana, por exemplo. Mas o número de excrementos pode ser multiplicado por 10 ou mais. Eu ficava pensando, ou esses cachorros têm alguma mutação ou a maior parte deles só sai às ruas pela noite. Mas nem à noite eu via muitos cachorros na rua...


§ Enfim, passando agora para Punta del Leste, eu acredito que a mesma seja bem legal para visitar no verão. Porque no inverno ela parece uma cidade fantasma. Só para ter uma idéia, no verão ela fica com aproximadamente 300 mil habitantes. Já no inverno, são apenas uns 8 mil... Não tinha quase ninguém nas ruas, quase todas as lojas e restaurantes estavam fechados. A única vantagem é que os preços também estavam melhores. Punta é considerado um destino de luxo, então as coisas por lá costumam ser bem caras. Por exemplo, a diária de um albergue normal que geralmente custa por volta de U$15 no inverno (assim como em quase todas as cidades do cone sul), no verão chega a U$40! Praticamente preço de hotel...





§ As praias uruguaias são bonitas mesmo. O mar é azul escuro e a areia é clara, bem parecido com algumas praias do Brasil. O mar é gelado, mas eu coloquei a mão na água e não achei nada sobrenatural, até porque o mar aqui no Rio é bem frio também; água quentinha, só no nordeste. Óbvio que o Uruguai é mais frio, então não é só a água do mar que conta, é todo o conjunto. No inverno carioca, de 28°C geralmente, a gente vê milhares de pessoas na praia. Em Punta del Leste, tirando um casal que estava na praia Brava tirando fotos no mesmo momento que eu, só vi mais um ser caminhando em uma outra praia.


§ Falando agora sobre sentimentos, em Punta del Leste eu senti saudades de casa. Deve ter sido porque as praias lembravam a de Copacabana. Tanto que quando eu coloquei a mão na água, foi mais pra tentar buscar um ligação com a minha casa que pra tentar medir a temperatura. Em Vinã del Mar e Reñaca eu também tinha ido à praia, só para conhecer e sentir a temperatura do mar. Mas não havia semelhanças com o lar. Em Punta eu fiquei bastante tempo olhando o horizonte, o infinito, admirando a paisagem, sozinha. E foi uma das poucas vezes que me senti sozinha durante toda a viagem, mas esse momento me fez bem, porque me senti conectada ao Rio de alguma forma.


§ Eu visitei o Uruguai já no fim da viagem, então estava bastante cansada. E também foi o país que menos pesquisei nos preparativos pro mochilão. Por isso, ao chegar lá, me senti um pouco perdida. Tirando as coisas básicas que já conhecia mesmo antes da viagem, como La Mano, Casapueblo, Ciudad Vieja e Teatro Solis, eu não sabia o que visitar. Eu tinha uma amigo lá, o Fede, mas só nos víamos à noite, depois que ele saía do trabalho. Conheci uns brasileiros que estavam no meu dormitório, porém já eles estavam indo embora. Fora isso também só fiz amizade com a Tara, uma australiana que ficou apenas uma noite em Montevidéo, e que depois reencontrei em BsAs. Juntando a tudo isso que citei a tranqüilidade e o "clima de interior", acredito que tenham sido esses os fatores que me fizeram sentir sozinha no Uruguai.


§ Eu gostei de lá sim, e a viagem foi uma ótima oportunidade para rever meu amigo. Mas tenho que ser sincera, quando eu voltar ao país, será no verão.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Uruguai


§ Mal cheguei à narração do quarto dos 26 dias da viagem, e já cansei de ficar descrevendo como eles foram. A minha intenção com tudo isso era tentar ajudar qualquer ser que porventura viesse parar aqui após pesquisar no santo google alguma coisa sobre um mochilão pela Argentina, Chile e Uruguai. Eu queria colocar aqui os gastos que anotei, e juro que dessa vez anotei tudinho na minha agendazinha linda. Anotei várias coisas interessantes por sinal, mas acho que não tenho paciência para escrever um blog descritivo de viagens. Prefiro escrever acerca das sensações, das imagens e paisagens, dos costumes, das coisas lindas ou estranhas que vi. Fica combinado assim então, vou escrever o que der na telha, foi até por esse motivo que dei o mesmo título ao blog, e quando tiver paciência conto detalhadamente os meus momentos na viagem. E se você, ser que veio parar aqui por meio do google, tiver alguma dúvida, pode me enviar um e-mail que terei prazer em ajudá-lo, no que puder.

§ Me deu vontade de falar sobre o Uruguai. Um país tão pequeno, menor que o estado do RS, com 3,5 milhão de habitantes - menos que a cidade do Rio -, que já pertenceu ao Brasil e que parece uma extensão da Argentina. Mas não diga isso a um uruguaio, porque ele vai começar a listar um milhão de fatos pra te mostrar que Argentina e Uruguai são duas coisas bem diferentes.

§ E de fato são. Uma coisa interessante, que foi dita por um brasileiro que estava no mesmo dormitório que eu no Che Lagarto, em Montevidéo, é que se os uruguaios fossem jogados numa cidade qualquer do nosso país, eles se passariam por brasileiros facilmente. Ok, ok, no Brasil há de tudo e qualquer um pose ser brasileiro, não é à toa que o nosso passaporte é o mais caro no mercado negro. Mas é que os uruguaios não têm "cara de uruguaio", como os argentinos têm "cara de argentino". E uma coisa interessante é a quantidade de negros e mulatos: ela é pequena, mas existe. Na Argentina, se você vir um negro, a chance dele ser brasileiro é de uns 90% (fonte: Sara's head - pra quem não sabe, eu adoro chutar/inventar uma estatística, e quase sempre acerto). Assim que cheguei a esse pequeno país do qual vos falo, era só ver um negro/mulato na rua e que eu já me aproximava, pra tentar puxar assunto, achando que era brasileiro. Ao chegar perto, ouvia aquele castellano perfeito. Peeem (leia-se como um som de campainha): tenta de novo...

§ Mas ao mesmo tempo, culturamente o Uruguai é muito ligado à Argentina, embora não admita. Em BsAs todas as revistas de fofoca falavam de uma atriz que tinha tido um filho com algum ser que parecia ter estado preso (tá, de vez em quando eu parava numa banca de jornal pra tentar ler as notícias locais, e meus olhos acabavam parando numa tititi portenha da vida). Em Montevidéo todas as revistas de fofoca falavam da mesma atriz, argentina. Fora os telejornais... eu praticamente não cheguei perto de televisão durante toda a viagem, mas no Uruguai, nas pouquíssimas vezes que fiz isso, parecia que estava assistindo a um jornal portenho, tamanha a quantidade de informações sobre BsAs. Tudo bem, a distância entre as duas capitais é muito pequena, porém fiquei abismada, porque nunca vi esse excesso de informações de outro país, ou no nosso caso, cidade, aqui no Brasil.

§ Outra coisa que me faz ver o Uruguai como extensão da Argentina é o mesmo castellano falado. Mas meu amigo uruguaio, que me listou um milhão de características que diferenciam os dois países, começou a me falar de várias palavras que são diferentes. Tudo bem, mas o acento, o sotaque é o mesmíssimo, repliquei eu. Sim, é o mesmo, ele respondeu.

§ Só que apesar de toda a semelhança e ligação, os uruguaios torcem pro Brasil, assim como todos os outros sul-americanos. A não ser que a vitória dos argentinos os beneficiem. Mas tudo bem, a gente entende. Eles adoram os brasileiros, nos acham super animados, respeitadores e simpáticos, e não vêem problemas no fato de estarmos nos tornando os líderes regionais. A verdade é que se fosse mesmo para ser uma extensão de algum lugar, eles prefeririam ser extensão do Brasil. Outra coisa: Admitem que o vinho argentino é bem melhor que o uruguaio, que o Gardel, apesar de ter nascido lá, criou o tango em solo argentino, até discutem a questão de "onde surgiu o doce de leite", mas ficam mesmo é revoltados quando dizem que a carne argentina é melhor que a uruguaia. Com isso eles não podem!

§ Mudando do assunto o-Uruguai-é-ou-não-uma-província-argentina, uma coisa que chamou minha atenção foi que, você não pode entrar com bolsa em supermecados ou lojas por lá. A primeira vez que fui comprar água, até vi um armário na entrada, mas achei que fosse como aqui no Brasil, opcional. Mal adentro eu no mercado com a minha mochila que vem um segurança chamar a minha atenção. E assim aconteceu em outros mercados e lojas que fui. Depois da terceira chamada, assim que eu entrava num estabelecimento comercial do tipo, já ia direto ao armário e pegava a chave.

§ Agora uma outra coisa que chamou mais ainda a minha atenção: é impressionante a quantidade de pessoas que se vê na rua tomando o mate, ou como conhecemos aqui, o chimarrão. Experimente parar em uma praça por uns 5 minutos, e juro que você vai ver no mínimo umas 10 pessoas com aquele cuia na mão, tomando o mate. Gente de todas as idades, homens e mulheres. O mate, além do Brasil, é bastante comum também na Argentina e Chile, e nesses dois países eu vi um número considerável de pessoas tomando o chimarrão no meio da rua, mas não como no Uruguai. Pra se ter uma idéia, eu estava calmamente sentada em um ônibus urbano de Montevidéo, em uma viagem de uns 15 minutos do centro a Pocitos, quando de repente a mulher ao meu lado saca uma cuia, uma garrafa térmica e a erva da bolsa, e começa a preparar o mate ali mesmo. Eu passava em frente às escolas, e os estudantes estavam conversando e tomando o chimarrão. Do lado de fora das lojas, os funcionários estavam tomando o chimarrão. No parque, as pessoas levavam o cachorro para passear em uma mão, e o chimarrão na outra.

sábado, 4 de julho de 2009

Buenos Aires 4º dia

§ Combinamos de ir a Tigre, nesse dia. Eu já "conhecia" o lugar, mas não tinha a intenção de visitá-lo nessa viagem, porém como o pessoal quis, preferi ir com eles. Ainda bem, porque tivemos uma dia bem legal. Como o meu albergue era o "último", eu sempre tinha que passar nos hostels pra buscar a galera. No café da manhã fiquei conversando com as alemãs do meu quarto e acabei perdendo a hora. Tive que correr pra encontrar o povo.
§ Tomamos o metrô na estação 9 de julio, e tínhamos que ir até Retiro. Essa estação fica em uma linha diferente (por sinal, a mesma linha da avenida de mayo, próxima ao milhouse), então tivemos que descer na estação seguinte para fazer a baldeação. Eu achei bem estanho, porque disseram que numa mesma plataforma passam trens de linhas diferentes. Enfim, parece que a gente foi para a plataforma certa mas como pegamos (e era eu quem estava no comando) o trem errado. Todomundoquerendomematar, descemos na estação seguinte, tomamos a linha que estava voltando e encontramos uma brasileira de bom coração que nos explicou o mal entendido. Linha certa tomada, estávamos a caminho de Retiro. Chegando lá, foi bem fácil encontrar a estação de trem, porque ela está ao lado do metrô, e há sinalização indicando (o terminal de ônibus também fica em Retiro, próximo ao metrô, mas tem que andar um pouco mais).
§ Apesar de antiga e de não parecer muito bem cuidada, a estação de trem de Retiro é bastante bonita, parece um pouco aquelas européias. Tigre é a última estação, e o trajeto dura mais ou menos uma hora. Assim que se sai da estação Retiro, vê-se umas favelas, mas o resto do caminho é de bairros residenciais portenhos. É uma casa mais bonitinha que a outra. E é impressionante também a quantidade de bandeiras argentinas que são vistas penduradas nas janelas. Nos bairros mais centrais eu já tinha visto muitas bandeiras, e deu pra perceber que não é uma coisa somente ligada aos prédios / órgãos públicos e locais turísticos. Vê-se isso no país inteiro, como nos EUA. Eu queria que tivéssemos isso no Brasil também. A gente só vê bandeiras na janela na época de copa do mundo, e olhe lá.
§ Chegamos a Tigre, e já paramos num restaurante que fica bem ao lado da estação. A gente parou porque o povo queria tirar umas fotos por lá, mas aí a fome foi batendo, e decidimos adiantar o almoço. Só posso dizer que foi um almoço inesquecível! A comida, além de boa era barata. E as companhias, excelentes. Passamos mais tempo nesse restaurante conversando do que passeando por Tigre, mas foi um programa perfeito.
§ Após algumas muitas horas de conversa é que levantamos e fomos dar um rolé pela cidade. Caminhamos pela margem do rio, sacamos mais algumas fotos, vimos os preços dos passeios de barco, mas achamos tudo muito caro e preferimos ficar na viação canela mesmo. Umas 15h já estávamos tomando o trem de volta pra BsAs.
§ Tomamos o metrô também, para voltar, mas a Gi, o Jeff e eu decidimos ir a Caminito. O Jorge disse que tava muito cansado e foi pro hostel dormir. Nós três tomamos um táxi e rumamos a La Boca. Uma coisa interessante: os táxis de BsAs não rodam o taxímitro apenas pelos quilômetros percorridos, mas também pelo tempo. Como era sexta-feira e início do horário de pico, o trânsito estava uma coisa! Eu não recordo quanto exatamente custou a percurso, mas foi bem mais caro que o normal, porque passamos muito tempo parados.
§ Caminito é aquilo mesmo: duas ruas com casinhas totalmente coloridas, muitos restaurantes, lojinhas de souvenir e tango. La Boca é um antigo bairro do porto, onde muito italianos se alojaram após chegar à Argentina. A população é de baixa renda, por isso muitas casas eram/são de lata, e foram pintadas com a intenção de revitalizar o local.
§ Demos umas voltinhas e sentamos num restaurante após um garçom prometer (e cumprir!) uma quilmes de cortesia ao Jeff. Quase todos os restaurantes têm show de tango, na parte externa mesmo. Ou seja, todos que estão passando podem ver. Mas como estávamos consumindo, ainda pudemos ir ao palco dançar e tirar fotos com os dançarinos (eu não tirei, fiquei com uma vergonha danada. Mas foto mesmo eu queria tirar com o cantor, que era uma graça!!).
§ Agora vem uma história engraçada: tango de um lado, tango do outro, de repente começamos a ouvir uma batucada, um samba, e eis que surge um grupo de brasileiros em desfile tocando e cantando e "atrapalhando" o tango todo. Eu fiquei com uma vergonha danada, achando aquilo tudo uma falta de respeito. E uma das mulheres responsáveis pelo restaurante, argentina, começa a sambar e vai desfilando na frente deles, como se fosse madrinha de bateria (e olha que ela sambava bem mesmo). Aí os carinhas vão passando o chapéu para recolher uns trocados, e eu revoltada, começo a falar que aquilo é um absurdo, uma falta de respeito. O sambista disse alguma coisa que não entendi e continuou cantando e passando o chapéu. Espetáculo terminado e o tango de volta, a mulher do restaurante veio me falar que aquilo já faz parte do "programa": todo dia, no mesmo horário, os brasileiros passam tocando samba. Já faz parte do Caminito... Vê se pode uma coisa dessas...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Buenos Aires - 3º dia

§ Esse terceiro dia eu deixei para visitar Palermo e Recoleta. Tomei o metrô na estação 9 de julio, a umas 4 quadras do hostel. Eu poderia ter pega na estação avenida de mayo também, que era a estação mais próxima, porém eu teria que fazer baldeação, e como o subte portenho é mais complexo que o carioca, prefiri ir andando até o obelisco.
§ O metrô de BsAs é feio e sujo, entretanto há mais linhas que aqui no rio. Há também bancas que vendem jornais, bebidas não alcoólicas, biscoites, doces e outras guloseimas na própria plataforma de embarque. Assim como em santiago, o metrô portenho não tem sistema de ar-condicionado / ventilação, pelo menos não nessa época do ano. As viagens são feitas com as janelas abertas. Apesar da imundície, eu gostei bastante de usar o metrô, tanto que fiz isso várias vezes nos dias em que estive em BsAs. Dizem que o verdadeiro espírito de uma cidade está no seu metrô... Então BsAs é... deixa pra lá...
§ Desci na estação Palermo mesmo (Palermo é um bairro bem grande, e dependendo de onde você quer ir, terá que baixar em outras estações), peguei a calle Godoy Cruz em diração aos parques e fui seguindo direto, até chegar ao Parque Rosedal. O mais engraçado é que no caminho fui vendo várias pessoas que são pagas para passear com cachorros (há muito disso na cidade). Tinha gente que guiava mais de dez cães, sem exageros!
§ O parque Rosedal é lindo! Cheio de verde, de folhas amareladas das árvores espalhadas pelo chão (o outono é bem marcante), de flores lindas e coloridas. Enfim, é cheio de cores. Passei um bocado de tempo lá, e depois decidi rumar ao jardim japonês. Aí que começaram minhas andanças sem fim: eu sabia que todos os parques de Palermo eram separados, mas achava que eles estavam um ao lado do outro, tipo, sair do Rosedal e já dar de cara com o jardim botânico, ou o japonês, ou o zoológico. Mas na verdade, eles estão BEM separados um do outro. E eu comecei a caminhar, a perguntar. E não sei se a culpa era do meu portunhol ou se as pessoas não sabiam passar a informação correta, só sei que eu sempre pegava o caminho errado e nunca chegava...
§ Após muito, muito, muito, muito, mas muito mesmo caminhar, eu consegui avistar o Jardim Japonês. E a única coisa que vinha à minha cabeça era aquela música do cidade negra, "você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui". E eu continuei caminhando, porque a entrada do jardim era do outro lado. Nossa, parecia que nunca ia chegar...
§ Enfim, alcancei a entrada e sentei no primeiro banquinho que vi, ficando lá um bocado de tempo. Parecia que meus pés iam estourar. Depois do descanso, fui conhecer o parque, que é uma graça, mas bem pequeno. Após essa visita e muito caminhar, resolvi não ir ao zoológico e nem ao jardim botânico. Primeiro porque eu já estava traumatizada de tanto andar e ficar perdida entre aqueles parques. Depois, eu nem sou muito chegada a animais, e já visitei tantos jardins botânicos nessa vida que acho que deixar de ir àquele não me faria tanta falta.
§ Mapa na mão, zarpei rumo ao MALBA, o Museo de Arte Latinoamericana de Buenos Aires. O mais engraçado é que eu estava parada em frente a um prédio, olhando o mapa para encontrar as direções corretas, e o porteiro veio falar comigo, pra ver se eu estava perdida e precisando de ajuda. Perdida eu não estava, mas ele acabou me ajudando e eu encontrei o caminho rapidinho. Saindo do Jardim Japonês, é só pegar a avenida Presidente Figueroa Alcorta e ir seguindo.
§ Eu gostei bastante do MALBA. Além da arquitetura legal, as obras são bem dinâmicas, bem divertidas. Vale a pena a visita. Depois de conhecer o museu, continuei caminhando na avenida e parei na Floralis Generica, já na Recoleta. Fotos sacadas, fui ao prédio da Faculdade de Direito da UBA, bem ao lado da Floralis. De lá, tomei a passarela para ir ao outro lado e visitar o cemitério da Recoleta. Eu vi todo mundo subindo por uma pracinha, mas como no mapa apontava que o cemitério estava numa rua atrás, fui caminhando por baixo, passando pelo Hard Rock Café. Mais uma vez vem o "você não sabe o quanto eu caminhei"... O cemitério de fato ficava nessa rua que mostrava o mapa, mas a entrada era perto da pracinha. Ou seja, eu poderia ter chegado lá em cinco minutos, mas dei uma volta ao mundo e ganhei mais umas três bolhas nos pés.
§ O cemitério é "legal"? É. É bem diferente do que estamos acostumados, parece uma vila, uma ciadadezinha. Alguns jazigos parecem lojinhas, sem exageros. Mas não achei um passeio legal pra se fazer sozinho. Tem caixões à mostra, de famílias falidas que não têm dinheiro pra restaurar os jazigos, e o cemitério é maior do que parece. Depois de algum tempo caminhando, eu me enveredei por caminhos onde não havia uma viva alma, literalmente. Até que do nado surge um homem que parecia estar me seguindo. Eu ia caminhando por um corredor e ele ia por outro paralelo, sempre olhando pra mim nas ruaszinhas que cruzavam. Comecei a ficar desesperada e a buscar a saída. Depois de muito sufoco encontrei a pracinha principal do lugar e piquei a mula, sem visitar o túmulo da Evita. E não me arrependo. Muito menos pretendo voltar.
§ Quando saí do cemitério já passavam das 15h, e eu estava azul de fome. Lá mesmo, em frente, há uma espécie de shopping, com restaurantes, mas eu imaginei que fosse tudo caro, e preferi ir andando até encontrar um lugar BB (bom e barato). Mais uma vez, eu fui andando, andando, andando e nada. Depois de muito tempo me deparei com a avenida callao, que eu lembrava ter visto quando fui ao El Ateneo. Como naquela região de Palermo há muitos restaurante, fui caminhando por ela. Só que a mesma é bem longa, e eu demorei um século para chegar à avenida Santa Fé (e não encontrei um restaurantezinho sequer no caminho). Assim que cheguei lá, a primeira coisa que vi foi um McDonalds, e foi lá mesmo que fiquei.
§ Uma coisa interessante que observei nos McDonalds tanto de BsAs como de Montevidéo (e que eu nunca vi aqui no rio, não que eu lembre - mas também, eu quase nunca vou ao Mc, e quando, é ao da Santa Clara), é que eles têm o espaço de Café bem Café mesmo. A decoração é como a de uma café, há jornais e revistas para serem folheados, e só pode sentar nesse espaço quem realmente está consumindo itens do Café McDonalds. Eu achava muito interessante observar os portenhos passarem séculos sentados num fast food como se estivessem em um café parisiense.
§ Após forrar o estômago, decidi ir a pé, e não de táxi, até o centro. Afinal, eu já tinha andando tanto, que essa caminhada de Palermo até o hostel seria a menor do dia. Antes de ir direto pro milhouse, passei no hostel suites obelisco, pra tentar encontrar o Jorge e o Jeff, que eu tinha conhecido por meio do mochileiros.com, e que chegariam nesse dia. Foi super engraçado, porque eu cheguei bem na hora que o Jeff estava fazendo o check in, e tinha dado tudo errado na vida dele naquele dia. Inclusive, ele tinha "quebrado" o dedo mindinho no aeroporto. O Jorge tinha chegado antes e estava na rua dando umas voltas. Fiquei conversando com o Jeff e combinei de passar mais tarde lá. No caminho pro hostel, passei no Florida também e encontrei a Gi chegando do Siga la Vaca. Ela tinha tomado praticamente 1 garrafa inteiro de vinho e tava toda alegre (deduro mesmo!).
§ Fui pro hostel, tomei meu banho, descansei um pouco e voltei pro hostel obelisco, pra encontrar os meninos. Ficamos bebendo, conversando, "jogando" sinuca uma maior tempo. Depois fomos ao florida encontrar a Gi, e mais uma vez as andanças. Quando lá chegamos, a menina da recepção disse que ela tinha ido ao milhouse me procurar. Fomos então pro milhouse. Chegando lá, o rapaz disse que ela tinha voltado pro florida. Voltamos também pro florida. E lá, a mesma menina disse que falou pra ela que nós tinhamos estado lá para procurá-la, e que voltamos pro milhouse, e ela decidiu voltar lá. Só que dessa vez prefirimos ficar lá no Fusion, bebendo e esperando. Esse foi mesmo o dia do "você não sabe o quanto eu caminhei...". Meia hora depois, aparece a Gi. Passamos o resto na noite lá no fusion mesmo. Foi bem divertido. Tava tendo uma festinha, não lembro o tema agora, mas tinha um povo muito doido dançando.
§ Saí de lá depois das 3:00am. Eu ia voltar de táxi, não tanto pela distância, que é curta, mas por ser madrugada e estar sozinha. Mas uma brasileira que conhecemos lá disse que era tranqüilo, pra eu não me preocupar. Os meninos foram mais da metade do caminho comigo, e o resto, uma quadra e meia, eu fui sozinha. Praticamente Rio de Janeiro, onde eu ando sozinha pelas madrugadas.