domingo, 23 de outubro de 2011

§ Não sou dessas pessoas que gostariam de viver em outra época. Sou muito feliz com todas as vantagens que viver o tempo presente me propicia, e os ônus da atualidade eu posso aguentar (já aguentamos, né? rs). Mas sou dessas pessoas que gostariam fervorosamente de ter uma máquina do tempo e fazer umas rápidas viagens nele, menos pra corrigir os meus próprios erros e mais pra contar aos antepassados algumas das maravilhas de hoje.

§ Eu iria ao Rio de 1904 só pra contar aos seus desconfiados moradores os benefícios da vacina contra a varíola, bem como o quão respeitado nacional e internacionalmente o Oswaldo Cruz se tornaria. Eu iria a Bergen-Belsen, em 1945, seguraria a mão da Anne Frank e lhe pediria para aguentar só mais um pouquinho, pois o seu pai estava vivo e os aliados estavam quase chegando para libertá-la.

§ Eu também visitaria o Louis Braille e lhe agradeceria por todo o esforço que ele fez para que os cegos pudessem, como nós, ter a oportunidade mergulhar neste maravilhoso mundo da leitura. Ainda diria que, mesmo após muitos anos da sua criação, o sistema dele permanece praticamente o mesmo, de tão bom que é (e ainda contaria que ele foi considerado um dos grandes homens da pátria francesa e que o corpo dele foi transferido para o Panteão, onde pude visitar o seu túmulo. Se bem que isso seria meio bizarro...).

§ Eu igualmente visitaria o Dom Predro II, logo após o seu exílio. Eu faria para ele um resumo da história mundial que se seguiu depois da sua morte. Então eu lhe agredeceria por ter sido um dos melhores governantes que este país já teve. Diria a ele o quanto admiro os esforços que fez para acabar com a escravidão (e que ele estava certo ao não dar muita trela aos professores que lhe ensinaram sobre a separação racial), incrementar a educação e a cultura (coisa que a maior parte dos sucessores dele não fez muito bem!) e de como usou o patriotismo para defender a integridade nacional. Acredito que, mesmo com a narração de todos os nossos problemas, ele ficaria feliz em saber que aquele país que o obrigaram a deixar se tornou um dos mais importantes e protagonista do mundo atual.

§ Eu procuraria o Platão e lhe diria pra não se preocupar, pois o desejo dele de "tornar-se famoso e não jazer ao final sem um nome" tinha se concretizado. Mais de dois mil anos após a sua morte, ele ainda é considerado um dos maiores filósofos que já existiu, conhecido em todo o mundo e nome obrigatório quando se estuda História (pelo menos a ocidental).

§ Eu tentaria encontrar os meus ascendentes e, portando uma foto da minha família, lhes mostraria como somos e o que nos tornamos. Eu acredito que eles fossem pobres, camponeses, servos, então, acho que ficariam orgulhosos por tudo o que conquistamos, pela maneira que levamos os seus nomes e sangue até hoje.

§ Claro, eu sei que todas essas pessoas do passado levariam um susto enorme ao me verem, ficariam meio transtornados e céticos ao ouvirem as minhas histórias. Mas não estraguem os meus devaneios e me deixem continuar pensando no quão legal seria viajar ao passado e poder levar umas respostas ou palavras de apoio aos nossos antepassados...