segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Fotos

§ Eu gosto de tirar fotos, mas frequentemente me assusto ao perceber o quão fotomaníacas estão as pessoas. Penso que é resultado dessa "sociedade do espetáculo" na qual vivemos.

§ Uma vez eu li uma entrevista do Paulo Coelho, se eu não me engano, na qual ele dizia que quando viajava e vistava os lugares, não tirava fotos, pois elas são incapazes de registrar a essência do lugar, do momento em si. Concordo em partes: de fato os momentos vividos são impossíveis de serem registrados com perfeição em uma fotografia. Só ficam na memória, e mesmo assim ela é falha. Mas eu gosto de registrar em fotos os lugares que visitei, para quando a memória não estiver lá grandes coisas, poder recordar as paisagens lindas que eu vi num papel, ou na tela do pc.

§ É até engraçado que eu não sou muito de tirar fotos. Não sei se é a timidez ou o fato de às vezes ficar tão abismada, admirando cada detalhe, que quando eu paro pra pensar que preciso sacar uma foto daquilo, eu já fui embora... Já em casa, me pego pensando, poxa, eu tinha que ter tirado uma fotografia daquilo, tinha que ter registrado aquilo outro, não podia ter deixado de sacar uma foto daquele lugar, daquela rua, daquele céu, daquela flor, daquela comida, daquela cena inusitada...
§ Mas então eu me acalmo, pensando naquilo que, como eu já mencionei, concordo com o Paulo Coelho: o importante é o que eu vivi e não imagem impressa. E o que eu vivi a fotografia não pode tirar de mim. Só a memória pode, mas eu tenho tentado treiná-la de modo que ela ainda me permita visualizar mentalmente as coisas que eu vi por muitos e muitos anos.

§ Enfim, o que me deixa mais chocada é notar que hoje em dia as pessoas parecem querer tirar fotos mais para mostrar aos outros do que para guardarem o momento para si. Já sacam pensando em pôr no orkut, no facebook, no fotologblogecoisasafins. Nem curtem o lugar, o momento, as pessoas... não aproveitam os mínimos e deliciosos detalhes porque passam o tempo todo fazendo poses, caras e bocas pra depois se SUPER exporem por aí. Eu não quero saber onde, quando e com quem você esteve. Eu quero saber se o que você viu e viveu foi capaz de modificar o seu modo de ver e viver a vida (a intenção é ser redundante mesmo).

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Flamengo

§ Com esse final de campeonato brasileiro emocionante e que culminou no hexacampeonato do meu MENGÃO, eu não poderia falar de outra coisa que não o futebol. Mas na verdade, mais que futebol, eu vou falar dessa minha paixão que é o Clube de Regatas Flamengo.
§ Eu me tornei flamenguista e amante da emoção do futebol "sozinha". Meu pai só torce para a seleção brasileira e minha mãe entende bulhufas desse esporte, atendo-se a assistir aos jogos do Brasil durante a copa do mundo, e isso porque é a única coisa que todo mundo faz, então nem tem pra onde fugir.
§ Eu lembro que o primeiro jogo que eu assisti foi também de uma copa do mundo, a de 94, Brasil x Rússia. Se eu não me engano, o primeiro jogo do nosso país nessa copa. E desde então, não parei mais.
§ Agora o engraçado é que eu até então não tinha convivido com pessoas aficcionadas ao futebol, então lembro muito pouco de falarem dos times cariocas, brasileiros, do Zico e até do pelé, isso tudo era uma coisa bem distante pra mim. Até uma tarde de um dia, um mês e um ano que eu não lembro, só sei que foi depois de 1994 (a copa é mesmo um marco), que eu estava brincando no playground do meu prédio e que os meninos decidiram fazer um campeonato de futebol de botão. Escolheram os times e a torcida foi praticamente toda pro flamengo. Aquele acontecimento foi tão marcante na minha vida que eu nem lembro qual era o outro time do botão e se ele tinha torcida; só recordo de todos gritando euforicamente flamengo, mengo, mengão! Pronto, fui picada pelo mosquitinho que me transmitiu esse amor, essa paixão pelo rubro-negro carioca e me tornei parte da maior torcida do Brasil.
§ Como mais niguém acompanhava futebol aqui em casa, me tornei uma flamenguista solitária, que teve que descobrir tudo sozinha. Ainda lembro quando os meninos da escola me explicaram como funcionava o campeonato carioca, "deu" procurando a frequência de alguma rádio que estivesse narrando os jogos do mengão (quando os mesmos não eram transmitidos pela TV - até hoje lembro que eu quase sempre ouvia em uma tal de "tropical, tropicalíssimaaaaa"), de ir eu mesma comprar os jornais no dia seguinte às conquistas do time, de gritar escandalosamente pela janela nos gols (coisa que faço até hoje) e minha mãe pra morrer com essa minha atitude!
§ De lá pra cá fui descobrindo que quase toda a minha família por parte de pai é flamenguista. Explicação: a família do meu pai é do interior do RN, e como se sabe, no nordeste a presença do mengão é gigante. Mas como eu só ia a Natal uma vez por ano, nas férias de verão, quando não há competições no futebol, ninguém falava muito, ou melhor, nada disso. Fora os outros parentes espalhados pelo Brasil. Eu tenho vários primos em São Paulo, a maioria é tricolor paulista, mas uma prima minha, influenciada pela mãe (que nunca deixou de ser flamenguista), também é rubro-negra.
§ A primeira vez que fui ao maracanã foi em 2004, na final da Copa do Brasil. Fui com a família de uma amiga minha (desde então, tenho ido ao estádio várias vezes com eles). Nossa, fico arrepiada só de lembrar do maraca lotadérrico, a magnética naquela força, raça e emoção que só ela tem. Inesquecível, e seria melhor ainda se eu e minha amiga não tivéssemos ficado 6 horas na fila pra comprar os ingressos e depois ver o mengão perder de 2x0 pro santo andré.
§ Só que essa foi só uma das milhares de coisas que eu aprendi nesses anos todos que tenho acompanhado o meu FLAMENGO: ele é assim mesmo, ganha quando é impossível e perde quando está com praticamente tudo na mão. Flamenguista é sofredor... quase tudo que ganhamos é de uma maneira meio infartante. Só que a gente gosta, porque o melhor mesmo é vencer na emoção. Mas acho que isso é de qualquer torcedor. A emoção do futebol este nesse sofrimento, nesse desespero, nessa ansiedade e na explosão de gritar o gol. Prova disso é que dentre os jogos mais inesquecíveis na vida de qualquer pessoa, a maioria é de jogos sofridos, como o Brasil x Holando e Brasil Itália da copa de 94, O Brasil x Holanda de 98 e o Brasil x Inglaterra de 2002. E pros flamenguistas também a conquista do tri-estadual de 1999-2001 (esse último com aquele gol inesqucível do pet - síntese da emoção de ser Flamengo), entre outros.
§ Eu sou FLAMENGO, eu amo o FLAMENGO, eu torço muito pelo FLAMENGO, eu me emociono com o FLAMENGO. Eu já até pensei em deixar de ser FLAMENGO, mas descobri que o hino do C.R.F. descreve uma verdade, UMA VEZ FLAMENFO, FLAMENGO ATÉ MORRER...