sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sobre o 'garotas' e as 'nights'

§ Eu não sou do tipo de pessoa que tem e/ou conhece um milhão de websites para acessar. A internet pra mim funciona mais ou menos assim: e-mails, sites de notícias, orkut, este blog de vez em quando, google e os respectivos endereços eletrônicos que encontro para as minhas pesquisas, emule às vezes para baixar músicas, youtube mais de vez em quando ainda (ou praticamente nunca, para ser honesta), e alguns poucos sites que eu freqüento com certa regularidade, como o adorocinema e o garotas que dizem ni, do qual me tornarei órfã agora.
§ Eu conheci o 'garotas' em 2003, por meio da revista Época. Em pouco tempo (entenda-se pouco tempo como umas três edições) se tornou a minha coluna preferida. Toda quarta de manhã, quando a revista chegava lá em casa, eu corria, lia o sumário para ver as matérias que mais me interessavam, e logo em seguida lia a coluna das três jornalistas que não se levavam muito a sério. Além da diversão certa, o que eu sempre achava legal era a identificação das idéias. Elas conseguiam por no papel, de forma irônica e educada, as coisas que eu também pensava, mas não tinha criatividade e neurônios sufientes para escrever.
§ Depois de um tempo, meu pai cancelou a assinatura da revista, para a minha tristeza. Passei a acompanhar as garotas religiosamente pelo site. Quando meu pai voltou a assinar a Época, a coluna delas não existia mais, para a minha revolta. Mas com as garotas eu também aprendi que o azar era deles.
§ Enfim, depois de muitas crônicas divertidas e sensíveis sobre cinema, música, literatura, lembranças e memórias, política, situações cotidianas, entre outros assuntos, as meninas anunciaram que o site acabará. Fiquei muito triste, óbvio. Fiquei órfã mesmo. Logo eu, que nem "tenho" muitos sites para acompanhar...
§ Como uma singela homenagem, vou postar aqui um dos milhares de textos das garotas que eu gosto tanto. É sobre baladas, ou nights, para nós cariocas. É uma explicaçãozinha sobre o fato d'eu, e de tantas outras pessoas, não gostarem de curtir filas para entrarem em um espaço superpovoado cheio de "gente bonita", com bebidas que custam os dois olhos mais um dos rins, e passar uma semana com cabelo fedendo a cigarro, mesmo lavando um milhão de vezes.
Espero que, como eu, os leitores imaginários deste blog curtam.
Daqui para a balada
Ei, tá a fim de sair hoje? Vamos lá, damos um rolê de carro, daí a gente escolhe uma boa balada e entra! Olha, mas eu não estou falando de restaurante, com essas coisas de jantar e vinho e café cheiroso no final, viu? Nem cinema. Não, pizza em casa também não, credo, que coisa de velho! Tem que ser balada. E balada forte, daquelas com música moderna no talo, milhares de pessoas dividindo a pista e água vendida a 8 reais. Sem gelo.
Ah, poxa, não torce o nariz... Pensa assim: se tanta gente faz esse tipo de programa, é porque deve ter muita coisa legal. Não sei, talvez seja pela freqüência, oras. Sempre ouço dizer “em tal lugar só vai gente bonita”. Tudo bem, eu também não entendo direito. Seria “gente bonita” uma afirmação real, ou seja, existe um detector de boniteza na porta e só é permitido o ingresso de quem se encaixe nos padrões do aparelho? Ou seria um eufemismo para “aqui só entram malditos ricos vestidos como vitrine de shopping”? Bom, não sejamos preconceituosos. Vai que a “gente bonita” é também simpática e inteligente, poxa?!
E se não tiver ninguém com um papo razoável, tudo certo também, uai. A gente acha uma mesa, pede uns drinques, umas porções e conversa. Ah, precisa de reserva pra pegar mesa? E os drinques se resumem a cerveja, uísque ou aqueles troços azuis com um triângulo de abacaxi decorando a borda do copo? Minha nossa. Podemos pedir Coca ou Guaraná? O quê?? Tem bar que cobra seis mangos por uma latinha?? Quanto custará então a cumbuca de pasteizinhos, 20 paus? Jura?
Esquece. Nós temos força de vontade e podemos passar sem essa. Podemos lanchar em casa antes e depois sair. É verdade, podemos até tomar banho demorado, comer sanduíche, assistir um filme e só depois sair, afinal balada só começa lá pela meia-noite. Força, vai, a gente agüenta acordado.
Vamos lá com o intuito de dançar e pronto! A pista é nosso lar. Se não conhecermos as músicas? Bom, a não ser que estejamos na noite do flashback, é bem possível que aconteça mesmo, não vou mentir. Afinal, somos ruins à beça com essa coisa de música eletrônica, não é? Mas também, não dá pra cantar junto e a coreografia mais parece a de um robô em curto-circuito. Natural que parte da moçada precise de um comprimidinho do capeta pra digerir essas “canções”... Só vendo girafas roxas tocando flauta mesmo para curtir mais do que oito minutos de tecno.
Ai, pára, vá, nós estamos ficando chatos. Vamos sair de uma vez e tenho certeza que a gente pode curtir. Não, não vai ter fila pra entrar. Se tiver, a gente espera um pouquinho. Afinal, fila em balada é coisa muito comum hoje em dia, temos que nos mesclar. E no fim da linha ainda podemos fazer uma graça, ué.
Quando a moça da portaria perguntar nossos nomes, eu posso dizer que me chamo “Luz Del Fuego”? Ou “Mata Hari”? Ah, deixa, por favor! Serão dois minutos superdivertidos soletrando isso! Depois vai acabar a graça, claro, porque logo haverá uma pessoa conferindo nossa bolsa e apalpando nossos quadris à procura de fuzis e granadas... Tudo bem, podemos vencer o obstáculo e segurar a dignidade.
Só não me responsabilizo por manter a calma diante de bêbados e garotas que dançam jogando cabelo para os lados, ok? Não, aí já é demais. Se o sujeito pegar no meu braço e falar perto do meu ouvido, eu vou gentilmente pisar-lhe o pé e pedir licença. Gente que avançou no álcool fala cuspindo, sabe? É meio nojento. E aquelas que demarcam espaço na pista, cotovelando quem ousa invadir seus 13 centímetros de chão, me dão nos nervos. Posso virar minha Coca no vestido dela? Assim, meio sem querer?
Tá, você sabe que eu jamais faria isso mesmo. Não me revoltei nem quando aquele moço queimou a manga da minha blusa com a ponta do cigarro... Era tão linda... Tão nova... Eu mesma tinha costurado. Fazer o quê, se ele queria fumar em meio a 480 pessoas e relou a chama em mim? Acho que não foi de propósito. Mas podia ao menos ter pedido desculpa, né?
Beleza, eu sei que pedir desculpa, ser gentil e pacífico não é um comportamento assim, muito balada. Já entendi. Tudo bem, a gente entra no espírito e se joga! Se voltarmos pra casa sedentos, fedendo, com hematomas, sem dinheiro, tendo pesadelos com o toalete e emburrados, ainda assim terá valido a pena!
Não? Bem... então tá certo. Eu ligo lá na pizzaria. Peço o quê, meia mussarela, meia alcachofra?
Escrito por Flá Wonka (Flávia Pegorin)

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Who is fucking hell Malu Magalhães?? (sic)

Por favor, alguém me responda a questão título, que estou ficando desesperada.
Eu ouvi esse nome pela primera vez há cerca de um mês. Tinha marcado um almoço com um amigo que não via há tempos. No meio da conversa ele falou dessa tal malu, dizendo que ela lembrava uma outra amiga nossa. Perguntei quem era a malu, e o mesmo me explicou rapidamente que era uma cantora nova. Não entrou em detalhes, e para mim, o "nova" significava que a mesma tinha surgido há pouco tempo no cenário musical. O que também não deixa de ser verdade.
Abstraí totalmente essa situação, quando, umas duas semanas atrás, começou a "explosão Malu Magalhães". Eu acessava os sites de notícias, e lá estava esse nome. Abri o youtube, e lá estava o nome de novo. Fui fuxicar o orkut dos outros, e lá estava o vídeo intitulado de Malu Magalhães.
Recebi de uma amiga, via orkut também, um link com uma notícia. Fui toda feliz checar e me deparo com algo do tipo "Malu Magalhães e Marcelo Camelo assumem namoro".
Peraí!! Em primeiro lugar, o Camelo não era casado com a Aline? Eu sei. Eu gostava de Los Hermanos (das canções, não dos integrantes), eu sei cantar quase todas as músicas. Não era "oh minha menina és de tudo o que mais belo existe... tua presença ALINE é tão sublime"?
Em segundo lugar: o mais interessante é que a notícia, apesar de citar os dois, enfatizava a pessoa 'malu', e não o camelo. Aí entrou a terceira e mais contudente questão: quem é a porra dessa malu??
Nesse ponto me estressei e decidi procurar informações. A garota tem 16 anos. Ela toca desde os... EPA! Dezesseis anos? Isso mesmo? O Camelo virou pedófilo? Não, a própria menina disse que esse lance de idade tem nada a ver. Aliás, lendo as entrevistas dela, percebi que a mesma foi lançada ao posto de super celebridade inteligentedescoladaidolatradasalvesalveequeveioprasalvaromundo. Malu tem a resposta pra tudo, daqui a pouco vão pedir para ela solucionar essa crise financeira aí.
Depois de tamanha grandiosidade, fui checar a música dela. Afinal, eu parecia ser o único ser que ainda não tinha experimentado a maravilha de ouvir a malu. Tudo bem, a música parecia legalzinha. Não tive tempo (=paciência) para analisar a letra. Mas mesmo assim, eu me pergunto, por que essa adoração toda? Pra que tudo isso? Essa menina é mesmo tão boa? Tem tanta gente compondo, cantando e fazendo a mesma coisa que ela faz.
Posso estar enganada. Pode ser até que esse que esse meu cuspe venha parar na minha cara. É que eu não agüento mais essas coisas, essas notícias de que ex-bbb foi visto comendo a pamonha da tia maria na primeira capa do jornal, como se isso fosse solucionar as nossas milhares de crises e dilemas...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A torta de maracujá


Nestes últimos dias uma torta de maracujá tornou-se o meu maior objeto de desejo.


Eu não gosto de maracujá; nunca tive uma comprovação médica, porém essa fruta e todos os seus derivados atacam o meu fígado. É só beber um suco, comer uma mousse , um bolo ou uma torta de maracujá, que eu passo o dia inteiro enjoada.

Então, por que esse desejo por uma torta? Vou explicar, a torta em questão é simbólica. Ultimamente tenho me dedicado a apenas duas atividades, que estão tomando TODO o meu tempo. Eu não tenho tido lazer, nem sei que filmes ou peças estão em cartaz, há séculos não vejo ou não falo com amigos super queridos, tenho ido dormir às 3 ou 4:00h da madrugada.

Acontece que, em um desses meus últimos dias corridos, eu estava andando apressadamente pela rua quando vi uma cena rápida que me fez pensar em um milhão de coisas em uma fração de milésimos de segundo (perceberam a quantidade de palavras relacionadas à alta velocidade nessa frase?). Eu vi uma pessoa sentada em um balcão de padaria comendo calmamente um pedaço de torta de maracujá. Ela parecia estar tão descansada e tão livre de problemas, funções e responsabilidades, que podia desfrutar e aproveitar despretenciosamente cada segundo do “nada pra fazer”.

Naquele momento, como eu desejei estar comendo aquela torta de maracujá, a despeito de todo o mal-estar que ela me causaria. Como eu desejei estar sentada naquele banquinho alto e desconfortável, vivendo tranqüilamente cada instantezinho.

Após observar, em minha caminhada, a cena de uns cinco segundos, eu continuei apressada no meu caminho, mas passei o resto do dia cheia de sensações e reflexões. E ansiando pelo meu momento de comer aquela torta de maracujá.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Crônicas da vida


Uma amiga minha decidiu conhecer Mendoza, uma cidade de vinícolas na Argentina, por causa de uma música da Mercedes Sosa, Tonada del Otoño ( “Para quien lo ha vivido en Mendoza, otoño son cosas que inventó el amor”).


Mas não bastava conhecer. Ela precisava viver um amor nos poucos dias de outono que passaria em Mendoza. E conseguiu. Teve um amor puro e inocente, sem beijos, sem relações. A princípio eu achei estranho, uma história de amor assim... sem um beijinho sequer. A história de amor surreal que eu gostaria de viver seria mais caliente (ainda mais na Argentina, com aqueles homens, meu Deus...), com uma noite de amor cheia de juras de paixão e um pedido insano de casamento, mesmo que a resposta fosse não (porque nessa hora o realismo já teria voltado a mim).


Porém depois fiquei pensando, para quien lo ha vivido en Mendoza, otoño son cosas que inventó el amor. Tão delicado, tão simples... e tão cheio de significados. Em uma típica cena de outono (que não ocorre no Brasil) as folhas caem e embelezam a paisagem. Outras novas irão surgir nas árvores, e o tempo ameno permanecerá por um tempo. O vento que faz essas folhinhas com tonalidade tão linda rodopiarem tornando tudo tão gracioso e encantador, como é o amor puro.

Os abraços e as mãos dadas sobre a neve daquele fim de outono eram tão delicados quanto a música, tão delicados quanto a cena, tão delicados quanto a sua vontade de viver um amor de outono em Mendoza. Talvez um beijo e o seu pós acabassem com a magia que havia naquela cena.


La de un amor de otoño vivido en Mendoza.