terça-feira, 30 de junho de 2009

Buenos Aires - 1º e 2º dias

§ A viagem começou no dia 02/06. Tomei o vôo no Rio às 11h (houve um pequeno atraso) e por volta de 14h estava chegando a BsAs. A viagem foi tranqüila, o avião estava bem vazio. Estava todo mundo ainda triste, porque era uma terça-feira, e o avião da Air France havia sumido no domingo à noite.
§ Eu tinha combinado de encontrar a Gisele (uma menina de São Paulo e que eu conheci pelo orkut) no Ezeiza. O vôo dela estava previsto para chegar mais ou menos 1 hora antes do meu, mas ela tinha um transfer marcado para às 15:15h. Assim que desembarquei não a encontrei, então aproveitei para passar num câmbio. Eu viajei com R$600 e U$300 em espécie, e troquei no aeroporto somente R$100 e U$100, por imaginar que as taxas de câmbio do centro tivessem uma cotação melhor (que depois eu descobri ser verdade). Quando cambiei o dinheiro, aproveitei para pedir que me dessem moedas, porque pelos meus planos, eu iria pegar um ônibus que dá a volta na cidade para ir pro hostel. Esse trajeto demoraria umas 2 horas (o coletivo passa em praticamente todos os bairros portenhos), mas valeria a economia, pois a passagem custa AR$2.
§ Eu achava que a Gisele já tinha tomado o transfer, mas antes de sair do aeroporto, decidi dar mais uma voltinha e nisso consegui encontrá-la. Pro horário do transfer marcado, só tinha ela mesmo. Então, ela começou a desenrolar com o motorista pra ele me levar também. Eu não queria, pois iria me sentir super mal (apesar da praticidade e do conforto), mas acabei indo com ela, e pra diminuir um pouco o peso na consciência, paguei ao cara AR$20. No fim, eu ainda saí no lucro, porque um táxi me custaria uns AR$100, um transfer do tienda de leon uns AR$40 e o transfer do albergue AR$35.
§ Em vez de 2 horas, levei cerca de 30 minutos pra chegar ao milhouse. O motorista me deixou na esquina da rua, bem pertinho. A Gisele ia ficar no hostel florida, a umas 4 quadras do milhouse. Combinamos de nos encontrar por volta de 19h, pra darmos umas voltas e comermos algo.
§ Eu acho que já falei sobre isso em outro post: eu fiquei no milhouse antigo. Gostei bastante de lá. O dormitório era feminino, com 8 camas e tinha 2 banheiros, então acabava ficando 4 pessoas para cada banheiro. Pra mim foi super tranqüilo, porque do meu lado do quarto estavam 3 alemãs (Magrit, Linda e Karin) que eram gente finíssima e organizadas. O nosso banheiro tava sempre limpinho. A Magrit era a mãe e a Linda e a Karin as filhas, mais ou menos da minha idade. Elas estavam viajando pela América do Sul, e de BsAs iriam ao Uruguai, para depois ir ao Brasil. O único problema era que a Magrit roncava bastante, mas até que isso não atrapalhou meu sono. E no decorrer da viagem, eu quase sempre dormi com pessoas que roncavam (e que quase sempre eram brasileiros).
§ A estrutura do albergue é bem legal. O café da manhã é simples e tem só dois computadores com acesso à internet. Como o milhouse está sempre lotado, é muito difícil conseguir usar a internet, porque tem sempre um milhão de pessoas na fila. E fora que quando você senta, se sente até mal por demorar 5 minutos! Por conta disso, só acessei a internet la uma vez, e mais umas 2 na rua, pagando, mas foi bem baratinho. E BsAs tem tanta coisa pra fazer, que a última que você vai pensar é usar internet. Minha única decepção com o albergue foi a tão falada animação, que pelo menos enquanto eu estive lá hospedada, resolveu ir embora. Só teve uma festinha lá (depois eu descobri que eles alternam as festas entre o velho e o novo), e nos outros dias o pessoal ficava só bebendo no bar. Mas meio que rolava uma separação por países: alemães com alemães, ingleses com ingleses, australianos com australianos e assim vai. Por conta da (falta de animação) resolvi que na minha volta a BsAs, no fim da viagem, ficaria no milhouse novo (e não me arrependi! mas isso é história pra outro post), pra conhecê-lo.
§ Voltando ao primeiro dia de viagem, depois que fiz o check in e deixei as coisas no quarto, fui dar uma caminhada pela cidade. Acho que já eram umas 16h. Fui caminhando pela avenida Nove de Julio, até a Santa Fé. Eu queria ir ao El Ateneo e ao Museu do Holocausto. Mas andei tanto e parei por tantos lugares, que quando cheguei ao museu já eram mais de 18h, e eu precisava voltar ao hostel pra tomar banho e depois encontrar a Gisele. Decidi voltar, e antes de ir direto pro milhouse, passei no florida pra falar com a Gi que eu ainda ia tomar banho. Ela tava no Fusion, o bar que tem no Florida, com um pessoal que ela tinha conhecido lá (um argentino de Ushuaia, um australiano, uma inglesa e um carinha que trabalha no hostel). Acabou que essa minha passadinha rápida só pra avisar que eu ia demorar tomou mais tempo do que eu esperava. Acabei sentando lá no bar com eles e ficamos uma século conversando (desde tamanhos de cidades, passando por chifres, roubos e vontade de matar os outros, uma comédia!!).
§ Saí de lá mais de 21h, pra tomar o meu ansiado banho. Depois voltei ao Fusion pra encontrar o pessoal. Ficamos mais um tempo lá e então a Gi, o Graham (uma americano super fofo que conhecemos) e eu saímos para caminhar pela cidade. Andamos pacas também, e até nos perdemos, rs. BsAs é bastante movimentada à noite e após muito tempo de andarilhos, paramos em um barzinho que tinha música ao vivo. Foi bem divertido.
§ Voltei pro albergue e fui dormir.
§ 2º dia: Eu tinha combinado com a Gisele de nos encontrarmos às 10h no obelisco, mas acho que acabamos ficando em sentidos diferentes e nos desencontramos. Acabei saindo sozinha mesmo pela cidade. Caminheiro por todo o centro, pela avenida de Mayo, desde o congresso até a casa rosada, passando pelo café tortoni, catedral metropolitana, teatro colón. Minha intenção era depois de passar pela casa rosada, ir a Puerto Madero, só que eu lerda, não consegui encontrar a passagem pra atravessar até lá. Depois eu descobri que eu tinha que ter continuado andando para o lado esquerdo, que lá na frente tinha um lugar para atravessar. Em vez disso, como tinha visto no mapa que a avenida Belgrano dava também em uma das pontes de Puerto Madero, fui caminhando até lá. Conclusão: andei pacas um trecho totalmente desnecessário!!
§ Depois fui até a avenida Santa Fé, e aí sim visitei o Museu do Holocausto e o El Ateneo, que é lindo! Enquanto todo mundo pensa em gastar dinheiro no free shop, eu queria torrar o meu todinho lá. Olha que eu definitivamente não sou uma pessoa consumista. Mas eram tantos DVDs e CDs legais, que eu queria comprar tudo (livro eu geralmente não compro, prefiro pegar emprestado nas bibliotecas).
§ Só teve um problema: quase todos os filmes argentinos que eu queria estavam em falta lá. A moça me explicou que como aquela unidade do El ateneo é a mais turística, tudo lá acaba muito rápido. Ela foi super atenciosa e viu no sistema quais as unidades ainda tinha os DVDs disponíveis, e a da calle florida, mais próximo ao meu albergue, tinha quase tudo.
§ Voltei pro milhouse já no início da noite, tomei meu banho, mas desisti de ir ao hostel florida procurar a Gi. Cara, o all star pode ser um calçado lindo, mas não é indicado para longas caminhadas, com certeza! Ainda era o segundo dia de viagem, mas os meus pés estavam completamente cheios de bolhas. Pra completar, acho que por eu não ter pingado o colírio da lente nos olhos, os mesmos começaram a ficar irritados. Decidi ficar no albergue, conversando com o pessoal, e fui dormir cedo, umas 22h.

domingo, 28 de junho de 2009

Considerações finais

§ Vou começar a falar sobre o mochilão pelo fim: eu não queria voltar! Eu realmente fiquei muito triste por voltar! Eu chorei por voltar...
§ Em alguns momentos deu saudades de casa, da família e dos amigos sim, especialmente quando eu estava no Uruguai, já praticamente o final da viagem. Mas bastaram mais dois dias (incríveis) em BsAs pra eu continuar sentindo saudades, porém não querer voltar.
§ O final do meu mochilão pela Bolívia e Peru foi mais complicado: quando eu terminei de fazer o Salar do Uyuni, eu acessei a internet e descobri que um brasileiro que eu tinha conhecido por meui do orkut, e que tinha encontrado uns cinco dias antes em La Paz, havia falecido durante a viagem. Até hoje eu não sei exatamente o que ocorreu. Quando nos encontramos ele parecia estar com o altitude sickness, que eu tinha tido também. E ele ainda aparentava estar melhor do que eu tinha estado (eu realmente passei MUITO mal). Eu não sei se foi simplesmente o altitude sickness, ou se aconteceu alguma outra coisa. Só sei que eu fiquei bastante chocada. Comecei a pensar o que poderia ter ocorrido comigo, que eu estava viajando sozinha, e então eu desejei muito voltar para casa. Ainda me restavam mais uns 3 dias de viagem, mas eu não aproveitei. Não tirei uma foto sequer dos lugares que visitei depois. Só ficava pensando na tragédia e em voltar ao aconchego e segurança do lar.
§ Pois bem, eu retornei, e depois dos primeiros longos banhos, das noites muito bem dormidas e dos abraços dos queridos, a despeito da morte do Rafael, eu só pensava em voltar e reviver todas as coisas boas, reencontrar as pessoas especiais que eu tinha conhecido e rever as paisagens mais extraordinárias. Mais do que isso, voltar e viver as coisas que eu deixei de viver, fazer tudo diferente e aproveitar mais.
§ Nessa viagem, eu tinha prometido a mim mesma e a alguns amigos que eu faria diferente, arriscaria mais. Mesmo que eu aproveitasse muito, sabia que depois de algum tempo ficaria cansada com a rotina de mochileiro, com a falta de privacidade, com a preocupação de tomar banhos rápidos pra não atrapalhar o dos outros, com o ronco dos companheiros de quarto, de ficar em quartos mistos e ser a única mulher. Por isso, imaginava que em algum momento eu fosse desejar voltar logo pra casa, e depois do primeiro banho, desejar mais ainda voltar e reviver tudo, como aconteceu antes.
§ Eu não arrisquei e aproveitei tanto quanto eu poderia ter aproveitado, mas dessa vez, EU NÃO QUERIA VOLTAR!! Foi demais tudo que vivi! São inesquecíveis as pessoas que conheci. Eu estava voltando no avião com um aperto no peito e assim que eu cheguei ao Rio, chorei. Fiquei pensando que eu poderia ter mudado a data de volta e ficar mais uns diazinhos em BsAs, só que eu precisava mesmo voltar...
§ Estou feliz com tudo que aconteceu. E estou triste porque acabou...