terça-feira, 11 de novembro de 2008

Crônicas da vida


Uma amiga minha decidiu conhecer Mendoza, uma cidade de vinícolas na Argentina, por causa de uma música da Mercedes Sosa, Tonada del Otoño ( “Para quien lo ha vivido en Mendoza, otoño son cosas que inventó el amor”).


Mas não bastava conhecer. Ela precisava viver um amor nos poucos dias de outono que passaria em Mendoza. E conseguiu. Teve um amor puro e inocente, sem beijos, sem relações. A princípio eu achei estranho, uma história de amor assim... sem um beijinho sequer. A história de amor surreal que eu gostaria de viver seria mais caliente (ainda mais na Argentina, com aqueles homens, meu Deus...), com uma noite de amor cheia de juras de paixão e um pedido insano de casamento, mesmo que a resposta fosse não (porque nessa hora o realismo já teria voltado a mim).


Porém depois fiquei pensando, para quien lo ha vivido en Mendoza, otoño son cosas que inventó el amor. Tão delicado, tão simples... e tão cheio de significados. Em uma típica cena de outono (que não ocorre no Brasil) as folhas caem e embelezam a paisagem. Outras novas irão surgir nas árvores, e o tempo ameno permanecerá por um tempo. O vento que faz essas folhinhas com tonalidade tão linda rodopiarem tornando tudo tão gracioso e encantador, como é o amor puro.

Os abraços e as mãos dadas sobre a neve daquele fim de outono eram tão delicados quanto a música, tão delicados quanto a cena, tão delicados quanto a sua vontade de viver um amor de outono em Mendoza. Talvez um beijo e o seu pós acabassem com a magia que havia naquela cena.


La de un amor de otoño vivido en Mendoza.

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