segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Bolívia II

§ Todos sabem, alguns presidentes sul-americanos estão reunidos agora no Chile para discutir a crise boliviana e apoiar Evo Morales. Como sou apaixonada pela América Latina, especialmente por essa nossa parte sul, não posso deixar de acompanhar e escrever (numa tentativa de desabafar a angústia que me aflige) sobre esse assunto.
§ Não pesquisei e por isso não tenho fontes para provar que o que eu penso é verdade, mas acredito que dos países da América do Sul, a Bolívia seja o que tenha a maior influência e população indígenas. Mesmo assim, sempre teve presidentes brancos, elitistas. O penúltimo, aliás, falava espanhol com um fortíssimo acento estadunidense. Isso me lembra o apartheid na África do Sul. Depois de muito tempo, a majoritária população indígena conseguiu eleger um dos seus.
§ Diferentemente do Brasil, a Bolívia não é uma república federativa. Quem lê isso deve até saber melhor que eu (quero deixar bem claro que não entendo muito de política, o que sei é de uma maneira muito crua, sem muita forma): numa federação, os estados que constituem uma nação são autônomos. Isso quer dizer que, por exemplo, tudo de riqueza que o estado do Rio de Janeiro produzir, seja através do petróleo, das indústrias ou do comércio, vai ser aplicado no próprio estado do RJ. É claro que os estados pagam impostos ao governo central federal, mas o dinheiro do RJ não vai ser diretamente aplicado na saúde ou na infra-estrutura do Acre.
§ Na Bolívia os estados não são autônomos (e é isso que eles buscam no momento, gerando essa crise). Então o Evo Morales estava usando a riqueza dos estados mais ricos e aplicando nos estados mais pobres. Usando o dinheiro da elite branca em prol dos campesinos indígenas.
§ Isso é muito bonito, muito nobre. Tudo o que a gente estudou sobre o comunismo / socialismo: distribuir a renda, gerar a igualdade num dos países mais pobres da América Latina. Mas infelizmente a realidade capitalista não funciona assim. Esses estados mais ricos têm o direito de ver a riqueza que produzem revertida em benefício próprio. Evo Morales está implantando uma ditadura para tentar se impor ( e sejamos realistas, de que outra maneira ele conseguiria?), seguindo os passos do Chavez, culpando os EUA por tudo (e é QUASE tudo) em vez de buscar soluções. URSS, Cuba, China já nos provaram que esse não é o caminho certo.
§ Eu nem sei mais o que ou quem é o certo. A única coisa que sei é que a situação daquele povo precisa mudar. Aquela miséria, aquela pobreza, os baixos indíces sociais.
§ Eu só quero que esse país que me proporcionou experiências tão incríveis, momentos inesquecíveis, me mostrou paisagens lindas e inóspitas que nunca sairão da minha mente, seja tão bom para o seu povo quanto foi pra mim.

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