sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Sim, nós podemos mudar

§ Quando anunciaram hoje que o Rio foi eleita a cidade sede para os jogos olímpicos de 2016 eu chorei de emoção. Há algum tempo escrevi aqui sobre a politicagem e sobre a questão desses eventos esportivos. Eu era um pouco contra essa vinda dos jogos pra cá, porque sempre enrolam e enrolam e no fim não obtemos nenhum benefício com isso. Por exemplo, pros jogos pan-americanos falarm que iriam fazer isso e aquilo, e mais não sei que lá, e de fato o que fizeram? Nada.
§ Por isso o medo com as olimpíadas. De qualquer maneira, agora acredito um pouco mais que mesmo que elas não sejam perfeitas, alguma coisa, mesmo que ínfima, será feita para a melhoria da cidade. Por que acredito nisso? Ora, porque agora o Brasil é visto como um país mais sério e há uma "reputação" a ser zelada. Porque, ao elegerem o Rio, o "mundo" quis dar um chance ao nosso país de mostrar que esse bom momento que vivemos não é passageiro e que agora ao coisas vão começar a funcionar. E foi isso que me emocionou, e não o simples fato de que talvez eu vá assistir às olimpíadas ao vivo e a cores.
§ Eu tenho 23 anos. O desespero já está batendo e eu tô me sentindo velha, mas sendo realista e racional, eu sei que minha idade é pouca e tem muito mais gente nesse país com muitas mais histórias pra contar. Pra História, aliás, 23 anos é pouquíssimo tempo. Mas é que nesse pouco tempo eu vi a história do meu amado país mudar.
§ Nasci já no Brasil democrático e lembro que uma professora universitária que sempre nos dizia que enquanto nós tivemos o privilégio de começar a votar com 16, 17, 18 anos, ela só pôde fazer o mesmo depois dos 40.
§ Desde que me entendo por gente, o país estava sempre vivendo em crise: impeachment logo após a volta à democracia, as crises econômicas sem fim, a hiper inflanção, a maior desigualdade social do planeta, o desemprego, a dívida externa. Eu lembro que a nossa estima era muito baixa... Todos os meus amiguinhos já diziam desde cedo que quando crescessem, iriam morar fora do país, pois o Brasil não tinha jeito. Eu, que sempre fui patriota, ficava revoltada com isso. Dizia que a situação iria mudar, que tinha jeito sim, apesar de nem eu mesma saber como isso seria possível. Agora mesmo, quando leio que já pagamos toda a nossa dívida externa, eu lembro que lá pelos meus 11, 12 anos era inimaginável pensar que isso aconteceria, pelo menos em minha geração.
§ Pois então, o que eu quero dizer, o que realmente me emociona é saber que tive o privilégio de ver as mudanças acontecendo no meu país. É claro, não dá pra fingir que não temos problemas, até porque ele ainda são muitos e bem visíveis. Apesar de muitos terem deixado a pobreza e a miséria, ainda há bastante gente vivendo nelas. O acesso às escolas aumentou bastante, mas a educação ainda é péssima. Mas o que eu quero dizer é que as coisas agora pelo menos estão melhorando. A passos muito lentos, mas estão melhorando, o que já é alguma coisa porque até bem pouco tempo atrás as coisas só faziam piorar e eu pensava que talvez os meus amiguinhos estivessem certos, o Brasil não tinha jeito...
§ O que me alegra em tudo isso é pensar que agora estamos no caminho certo. Temos muito o que fazer ainda, mas já estamos seguindo o sentido que deveríamos ter seguido há muito mais tempo. E o que melhor reflete esse "caminho certo" pra mim é a estima do brasileiro. Se antes tínhamos vergonha, nos julgávamos inferiores até aos nossos hermanos, agora já temos muito orgulho de ter nascido nessa terra. Não é mais preciso uma copa do mundo pra vestirmos a nossa camisa (tudo bem que isso também se deve ao fato de o Brasil ter virado moda na Europa há uns aninhos - mas até essa moda tem a ver com a nossa estabilidade política e o desenvolvimento econômico e social). Hoje as criancinhas gritam "Brasil, Brasil" felizes e orgulhosas, mas na minha época tínhamos vergonha, não havia motivos para comemorar.
§ Foi por isso tudo que eu chorei. Foram essas mudanças que me emocionaram. Eu sei que aqui ainda há mais problemas que coisas boas, mas eu tenho esperança de que nós vamos mudar e o Brasil será sim o melhor lugar para viver.

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