sábado, 24 de outubro de 2009

Os céus


§ O céu pode ser um só, mas ele se apresenta de formas diferentes. É como se quisesse presentear aqueles que se mantiveram mais próximos à sua forma natural, mostrando a eles suas mais belas nuances.

§ As luzes sem fim das cidades grandes, que tiveram seus territórios devastados por prédios e mais prédios, parecem querer competir com a luz das estrelas e da lua. O céu, em troca, não brilha muito. É o seu castigo. É claro que às vezes ele nos oferece um mimo, como a lua alaranjada gigantesca que paira no mar de Copacabana de vez em quando. Porém, sem dúvida, é nas cidadezinhas e especialmente nos lugares desabitados que ele expõe sua configuração mais bonita.

§ Eu o apreciei nas suas formas mais lindas duas vezes: a primeira foi a mais esplêndida e a segunda surpreendente. Quando fui ao Salar do Uyuni e ao Deserto do Atacama eu já sabia que veria o céu mais magnífico da vida. Várias pessoas já haviam relatado e ao vivo eu pude confirmar: o ceú mais puro, azul e cheio de estrelas. Tão cheio de estrelas que eu me senti flutuando nos meio das galáxias. Deslumbrante.

§ Na segunda ele estava quase da mesma forma que a primeira; um pouco menos de estrelas, apenas. Só que o que me surpreendeu foi o fato de eu não esperar vê-lo assim, como na primeira vez. Eu estava viajando de ônibus de Bariloche para Buenos Aires. Tinha saído à tarde e no caminho vi paisagens lindas... lagos super azuis, flores super coloridas, montanhas com o topo nevado, céu com poucas nuvens e de um azul intenso. A noite chegou e eu continuei olhando a janela, mas o engraçado é que eu não olhava para o alto, não olhava para o céu. Mirava somente a altura dos meus olhos, apesar de não conseguir enxergar nada devido à escuridão. Eu lembro que estava pensando que nessa mesma noite estava acontecendo o casamento de uma super amiga minha aqui no Rio, e eu fiquei triste por não estar presente. Mal terminei esse pensamento e olhei pela janela novamente, dessa vez mais para o alto: escrevendo agora eu me arrepio, da mesma forma que me arrepiei quando vi o segundo céu mais lindo da minha vida, quase tão incrível quanto o do Atacama. Passei vários minutos admirando aquela maravilha, com os olhos cheios d'água e com uma felicidade sem fim por estar naquele lugar. O céu maravilhoso não durou muito... aos poucos as estrelas foram sumindo, acho que fugindo de uma cidade que se aproximava. Assim que voltei ao Rio contei à minha amiga recém-casada o episódio.

§ Eu gosto muito de olhar o céu, mas o melhor mesmo é olhá-lo "sem querer" e se surpreender.

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