sábado, 10 de outubro de 2009

Quase Furadas

§ Voltando a falar da viagem, vou escrever agora sobre as furadas, quer dizer, quase furadas nas quais me meti. Graças a deus nunca vivi grandes perrengues nem nesse nem no outro mochilão, e sou totalmente contrária a essas pessoas que acreditam que esse tipo de viagens tem que ser cheio de problemas. Mas a verdade é que quando você vai por conta própria, com a cara e a coragem enfrentando e desbravando o "mundo" e sem saber como vai ser o seu dia, torna-se inevitável não se deparar com algumas situaçõe(s)zinhas mais complicadas, mas que você ri depois que passa. Vamos a algumas delas então:

§ 1º: Eu fui de BsAs pra Montevidéo de Buquebus. Tomei o barco num domingo às 19:30h para chegar à capital uruguaia por volta das 22:30h (juntando o embarque, pegar a mala e a imigração, 23h). Até aí tudo bem. O problema é que eu não tinha trocado o meu dinheiro por pesos uruguaios, e durante o trajeto mesmo descobri que o câmbio que fica no porto já estaria fechado, ou seja, eu não tinha dinheiro para tomar um táxi ou ônibus. Para completar a situação, também não tinha reserva de albergue, tinha só o nome e o endereço de três e além de tudo não tinha mapa e diferentemente de BsAs e Santiago, que eu já conhecia ou pelo menos tinha uma noção por meio de mapas, eu não fazia idéia de como era Montevidéo. Nem dava pra cogitar ir caminhando do porto até algum albergue, porque eu não saberia que caminho tomar. Mas, como diz uma amigo meu baiano, Deus é mais. Logo ao desembarcar fiquei sabendo que a buquebus oferecia aos seus passageiros um ônibus que ia até o centro, e como o Che Lagarto ficava na Plaza Independência, bem no centro e um dos lugares mais conhecidos da cidade, resolvi pegar o bus e ir pra lá. Só que na verdade o ônibus ia até um determinado bairro e a primeira parada é que era no centro da cidade (e eu só fui descobrir isso depois de o motorista gritar várias vezes e eu quase perder o ponto). Desci e o motorista disse que eu tinha que andar 5 quadras para chegar à praça. Agora imagina uma mulher andando sozinha às 23:30h com um mochilão nas costas e uma mala menor na mão (a essa altura da viagem as coisas não cabiam mais na minha mochila e eu tive que comprar a bolsa - e olha que não sou consumista e só tinha comprado 2 blusas até então!) por uma cidade que, apesar de ser relativamente segura, ela não conhece. E o desespero aumentou depois que eu passei das 5 quadras e não vi a bendita Plaza Independência. Após caminhar por mais uns três quarteirões cheguei a um cassino e finalmente vi uma mulher (até então só havia homens na rua, que ficavam soltando piadinhas), que me informou que era só subir uma ladeirazinha que lá estaria a praça. E estava, mas quem disse que o meu martírio tinha acabado? Eu rodeei praticamente a praça toda e não encontrei o hostel (na verdade, ele estava bem discreto no único ponto que eu pulei). Precisei da ajuda de um funcionário de uma farmácia 24h, que ficava em uma avenida próxima, pra encontrar o lugar por volta da meia-noite. O mais engraçado é que na praça havia um hotel mais chique (não lembro o nome agora) que devia ser pelo menos 4 estrelas, e eu quase entrei lá, pra passar pelo menos uma noite.

§ 2º: Essa quase furada teve a mesma causa da primeira narrada. Voltando de Montevidéo, eu cheguei ao porto de BsAs às 7:30am. E pra variar eu também não tinha trocado o dinheiro. Por sorte, tinha uns trocados em peso argentino, e ao contá-los, deu 17 pesos e alguns centavos. Fui fazer uma pesquisa e descobri que uma corrida de táxi até a Avenida de Mayo custaria por volta de 25 pesos. Eu até poderia ir andando, a distância era grande mas nada surreal. O problema é que além do peso nas costas eu estava com uma cólica insuportável, dessas que (in)felizmente tenho uma vez por mês. Decidi então ser cara-de-pau e fui mendigar com os taxistas. Eu estava quase desistindo e indo a pé quando uma alma caridosa topou me levar até lá por todos os pesos argentinos que eu tinha em mãos. Tá, essa nem foi tão furada assim e mesmo que eu fosse caminhando, pelo menos havia a luz do dia. Mas a terceira foi sim uma quase furada. E se não tivesse esse quase na frente, seria uma das maiores furadas da minha vida.

§ 3º: Como eu já tinha ficado no milhouse velho e apesar dele ser legal eu não ter achado essas mil maravilhas, resolvi me hospedar no novo nessa minha volta a BsAs. Eu não tinha o endereço mas sabia que ele ficava na Avenida de Mayo. Lembrava também de ter visto uma placa de albergue com o nome "avenue" por lá, e como o nome do novo milhouse é milhouse avenue, achei que era nessa palca que eu tinha visto antes. Entrei no lugar e achei bem diferente das fotos que eu tinha visto do albergue. Entre os recepcionistas havia um brasileiro muito safado de Porto Alegre. Explico o safado: eu achei estranho o albergue ser o milhouse e quando comecei a conversar com esse brasileiro, ele foi falando coisas que davam a entender que era o milhouse sim, só pra eu ficar lá. Na verdade, esse era um albergue chamado Avenue, que nada tinha a ver com o milhouse. Se você está lendo isso, NUNCA fique lá. Foi o pior hostel que vi na vida! Totalmente sujo, imundo. Havia 2 meninas dormindo no quanto que eu entrei. Tinha de tudo espalhado pelo chão: até cotonete usado. As pessoas lá eram muito estranhas. Enfim, era horrível e apesar de o gaúcho ter tentado me enganar, tinha certeza que não era o milhouse. Piquei a mula e fui ao milhouse antigo só pra pegar o endereço do novo. E ainda bem que fiz isso, porque essa minha estada no milhouse avenue foi simplesmente uma das melhores coisas da vida! Totalmente intensa e demais. Conheci pessoas muito legais também, inesquecíveis. Ter ido àquele avenue foi sim uma quase furada.

§ Enfim, esses não foram os únicos perrengues dessa viagem. Eu tive um problemão com o meu cartão e por pouco não volteo pro Brasil na metade do mochilão, entre outras coisas que aconteceram. Esses três descritos acima foram só algumas situações daqueles que, depois que passam, são até divertidas.

Nenhum comentário: