§ Mal cheguei à narração do quarto dos 26 dias da viagem, e já cansei de ficar descrevendo como eles foram. A minha intenção com tudo isso era tentar ajudar qualquer ser que porventura viesse parar aqui após pesquisar no santo google alguma coisa sobre um mochilão pela Argentina, Chile e Uruguai. Eu queria colocar aqui os gastos que anotei, e juro que dessa vez anotei tudinho na minha agendazinha linda. Anotei várias coisas interessantes por sinal, mas acho que não tenho paciência para escrever um blog descritivo de viagens. Prefiro escrever acerca das sensações, das imagens e paisagens, dos costumes, das coisas lindas ou estranhas que vi. Fica combinado assim então, vou escrever o que der na telha, foi até por esse motivo que dei o mesmo título ao blog, e quando tiver paciência conto detalhadamente os meus momentos na viagem. E se você, ser que veio parar aqui por meio do google, tiver alguma dúvida, pode me enviar um e-mail que terei prazer em ajudá-lo, no que puder.
§ Me deu vontade de falar sobre o Uruguai. Um país tão pequeno, menor que o estado do RS, com 3,5 milhão de habitantes - menos que a cidade do Rio -, que já pertenceu ao Brasil e que parece uma extensão da Argentina. Mas não diga isso a um uruguaio, porque ele vai começar a listar um milhão de fatos pra te mostrar que Argentina e Uruguai são duas coisas bem diferentes.
§ E de fato são. Uma coisa interessante, que foi dita por um brasileiro que estava no mesmo dormitório que eu no Che Lagarto, em Montevidéo, é que se os uruguaios fossem jogados numa cidade qualquer do nosso país, eles se passariam por brasileiros facilmente. Ok, ok, no Brasil há de tudo e qualquer um pose ser brasileiro, não é à toa que o nosso passaporte é o mais caro no mercado negro. Mas é que os uruguaios não têm "cara de uruguaio", como os argentinos têm "cara de argentino". E uma coisa interessante é a quantidade de negros e mulatos: ela é pequena, mas existe. Na Argentina, se você vir um negro, a chance dele ser brasileiro é de uns 90% (fonte: Sara's head - pra quem não sabe, eu adoro chutar/inventar uma estatística, e quase sempre acerto). Assim que cheguei a esse pequeno país do qual vos falo, era só ver um negro/mulato na rua e que eu já me aproximava, pra tentar puxar assunto, achando que era brasileiro. Ao chegar perto, ouvia aquele castellano perfeito. Peeem (leia-se como um som de campainha): tenta de novo...
§ Mas ao mesmo tempo, culturamente o Uruguai é muito ligado à Argentina, embora não admita. Em BsAs todas as revistas de fofoca falavam de uma atriz que tinha tido um filho com algum ser que parecia ter estado preso (tá, de vez em quando eu parava numa banca de jornal pra tentar ler as notícias locais, e meus olhos acabavam parando numa tititi portenha da vida). Em Montevidéo todas as revistas de fofoca falavam da mesma atriz, argentina. Fora os telejornais... eu praticamente não cheguei perto de televisão durante toda a viagem, mas no Uruguai, nas pouquíssimas vezes que fiz isso, parecia que estava assistindo a um jornal portenho, tamanha a quantidade de informações sobre BsAs. Tudo bem, a distância entre as duas capitais é muito pequena, porém fiquei abismada, porque nunca vi esse excesso de informações de outro país, ou no nosso caso, cidade, aqui no Brasil.
§ Outra coisa que me faz ver o Uruguai como extensão da Argentina é o mesmo castellano falado. Mas meu amigo uruguaio, que me listou um milhão de características que diferenciam os dois países, começou a me falar de várias palavras que são diferentes. Tudo bem, mas o acento, o sotaque é o mesmíssimo, repliquei eu. Sim, é o mesmo, ele respondeu.
§ Só que apesar de toda a semelhança e ligação, os uruguaios torcem pro Brasil, assim como todos os outros sul-americanos. A não ser que a vitória dos argentinos os beneficiem. Mas tudo bem, a gente entende. Eles adoram os brasileiros, nos acham super animados, respeitadores e simpáticos, e não vêem problemas no fato de estarmos nos tornando os líderes regionais. A verdade é que se fosse mesmo para ser uma extensão de algum lugar, eles prefeririam ser extensão do Brasil. Outra coisa: Admitem que o vinho argentino é bem melhor que o uruguaio, que o Gardel, apesar de ter nascido lá, criou o tango em solo argentino, até discutem a questão de "onde surgiu o doce de leite", mas ficam mesmo é revoltados quando dizem que a carne argentina é melhor que a uruguaia. Com isso eles não podem!
§ Mudando do assunto o-Uruguai-é-ou-não-uma-província-argentina, uma coisa que chamou minha atenção foi que, você não pode entrar com bolsa em supermecados ou lojas por lá. A primeira vez que fui comprar água, até vi um armário na entrada, mas achei que fosse como aqui no Brasil, opcional. Mal adentro eu no mercado com a minha mochila que vem um segurança chamar a minha atenção. E assim aconteceu em outros mercados e lojas que fui. Depois da terceira chamada, assim que eu entrava num estabelecimento comercial do tipo, já ia direto ao armário e pegava a chave.
§ Agora uma outra coisa que chamou mais ainda a minha atenção: é impressionante a quantidade de pessoas que se vê na rua tomando o mate, ou como conhecemos aqui, o chimarrão. Experimente parar em uma praça por uns 5 minutos, e juro que você vai ver no mínimo umas 10 pessoas com aquele cuia na mão, tomando o mate. Gente de todas as idades, homens e mulheres. O mate, além do Brasil, é bastante comum também na Argentina e Chile, e nesses dois países eu vi um número considerável de pessoas tomando o chimarrão no meio da rua, mas não como no Uruguai. Pra se ter uma idéia, eu estava calmamente sentada em um ônibus urbano de Montevidéo, em uma viagem de uns 15 minutos do centro a Pocitos, quando de repente a mulher ao meu lado saca uma cuia, uma garrafa térmica e a erva da bolsa, e começa a preparar o mate ali mesmo. Eu passava em frente às escolas, e os estudantes estavam conversando e tomando o chimarrão. Do lado de fora das lojas, os funcionários estavam tomando o chimarrão. No parque, as pessoas levavam o cachorro para passear em uma mão, e o chimarrão na outra.
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