quarta-feira, 1 de julho de 2009

Buenos Aires - 3º dia

§ Esse terceiro dia eu deixei para visitar Palermo e Recoleta. Tomei o metrô na estação 9 de julio, a umas 4 quadras do hostel. Eu poderia ter pega na estação avenida de mayo também, que era a estação mais próxima, porém eu teria que fazer baldeação, e como o subte portenho é mais complexo que o carioca, prefiri ir andando até o obelisco.
§ O metrô de BsAs é feio e sujo, entretanto há mais linhas que aqui no rio. Há também bancas que vendem jornais, bebidas não alcoólicas, biscoites, doces e outras guloseimas na própria plataforma de embarque. Assim como em santiago, o metrô portenho não tem sistema de ar-condicionado / ventilação, pelo menos não nessa época do ano. As viagens são feitas com as janelas abertas. Apesar da imundície, eu gostei bastante de usar o metrô, tanto que fiz isso várias vezes nos dias em que estive em BsAs. Dizem que o verdadeiro espírito de uma cidade está no seu metrô... Então BsAs é... deixa pra lá...
§ Desci na estação Palermo mesmo (Palermo é um bairro bem grande, e dependendo de onde você quer ir, terá que baixar em outras estações), peguei a calle Godoy Cruz em diração aos parques e fui seguindo direto, até chegar ao Parque Rosedal. O mais engraçado é que no caminho fui vendo várias pessoas que são pagas para passear com cachorros (há muito disso na cidade). Tinha gente que guiava mais de dez cães, sem exageros!
§ O parque Rosedal é lindo! Cheio de verde, de folhas amareladas das árvores espalhadas pelo chão (o outono é bem marcante), de flores lindas e coloridas. Enfim, é cheio de cores. Passei um bocado de tempo lá, e depois decidi rumar ao jardim japonês. Aí que começaram minhas andanças sem fim: eu sabia que todos os parques de Palermo eram separados, mas achava que eles estavam um ao lado do outro, tipo, sair do Rosedal e já dar de cara com o jardim botânico, ou o japonês, ou o zoológico. Mas na verdade, eles estão BEM separados um do outro. E eu comecei a caminhar, a perguntar. E não sei se a culpa era do meu portunhol ou se as pessoas não sabiam passar a informação correta, só sei que eu sempre pegava o caminho errado e nunca chegava...
§ Após muito, muito, muito, muito, mas muito mesmo caminhar, eu consegui avistar o Jardim Japonês. E a única coisa que vinha à minha cabeça era aquela música do cidade negra, "você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui". E eu continuei caminhando, porque a entrada do jardim era do outro lado. Nossa, parecia que nunca ia chegar...
§ Enfim, alcancei a entrada e sentei no primeiro banquinho que vi, ficando lá um bocado de tempo. Parecia que meus pés iam estourar. Depois do descanso, fui conhecer o parque, que é uma graça, mas bem pequeno. Após essa visita e muito caminhar, resolvi não ir ao zoológico e nem ao jardim botânico. Primeiro porque eu já estava traumatizada de tanto andar e ficar perdida entre aqueles parques. Depois, eu nem sou muito chegada a animais, e já visitei tantos jardins botânicos nessa vida que acho que deixar de ir àquele não me faria tanta falta.
§ Mapa na mão, zarpei rumo ao MALBA, o Museo de Arte Latinoamericana de Buenos Aires. O mais engraçado é que eu estava parada em frente a um prédio, olhando o mapa para encontrar as direções corretas, e o porteiro veio falar comigo, pra ver se eu estava perdida e precisando de ajuda. Perdida eu não estava, mas ele acabou me ajudando e eu encontrei o caminho rapidinho. Saindo do Jardim Japonês, é só pegar a avenida Presidente Figueroa Alcorta e ir seguindo.
§ Eu gostei bastante do MALBA. Além da arquitetura legal, as obras são bem dinâmicas, bem divertidas. Vale a pena a visita. Depois de conhecer o museu, continuei caminhando na avenida e parei na Floralis Generica, já na Recoleta. Fotos sacadas, fui ao prédio da Faculdade de Direito da UBA, bem ao lado da Floralis. De lá, tomei a passarela para ir ao outro lado e visitar o cemitério da Recoleta. Eu vi todo mundo subindo por uma pracinha, mas como no mapa apontava que o cemitério estava numa rua atrás, fui caminhando por baixo, passando pelo Hard Rock Café. Mais uma vez vem o "você não sabe o quanto eu caminhei"... O cemitério de fato ficava nessa rua que mostrava o mapa, mas a entrada era perto da pracinha. Ou seja, eu poderia ter chegado lá em cinco minutos, mas dei uma volta ao mundo e ganhei mais umas três bolhas nos pés.
§ O cemitério é "legal"? É. É bem diferente do que estamos acostumados, parece uma vila, uma ciadadezinha. Alguns jazigos parecem lojinhas, sem exageros. Mas não achei um passeio legal pra se fazer sozinho. Tem caixões à mostra, de famílias falidas que não têm dinheiro pra restaurar os jazigos, e o cemitério é maior do que parece. Depois de algum tempo caminhando, eu me enveredei por caminhos onde não havia uma viva alma, literalmente. Até que do nado surge um homem que parecia estar me seguindo. Eu ia caminhando por um corredor e ele ia por outro paralelo, sempre olhando pra mim nas ruaszinhas que cruzavam. Comecei a ficar desesperada e a buscar a saída. Depois de muito sufoco encontrei a pracinha principal do lugar e piquei a mula, sem visitar o túmulo da Evita. E não me arrependo. Muito menos pretendo voltar.
§ Quando saí do cemitério já passavam das 15h, e eu estava azul de fome. Lá mesmo, em frente, há uma espécie de shopping, com restaurantes, mas eu imaginei que fosse tudo caro, e preferi ir andando até encontrar um lugar BB (bom e barato). Mais uma vez, eu fui andando, andando, andando e nada. Depois de muito tempo me deparei com a avenida callao, que eu lembrava ter visto quando fui ao El Ateneo. Como naquela região de Palermo há muitos restaurante, fui caminhando por ela. Só que a mesma é bem longa, e eu demorei um século para chegar à avenida Santa Fé (e não encontrei um restaurantezinho sequer no caminho). Assim que cheguei lá, a primeira coisa que vi foi um McDonalds, e foi lá mesmo que fiquei.
§ Uma coisa interessante que observei nos McDonalds tanto de BsAs como de Montevidéo (e que eu nunca vi aqui no rio, não que eu lembre - mas também, eu quase nunca vou ao Mc, e quando, é ao da Santa Clara), é que eles têm o espaço de Café bem Café mesmo. A decoração é como a de uma café, há jornais e revistas para serem folheados, e só pode sentar nesse espaço quem realmente está consumindo itens do Café McDonalds. Eu achava muito interessante observar os portenhos passarem séculos sentados num fast food como se estivessem em um café parisiense.
§ Após forrar o estômago, decidi ir a pé, e não de táxi, até o centro. Afinal, eu já tinha andando tanto, que essa caminhada de Palermo até o hostel seria a menor do dia. Antes de ir direto pro milhouse, passei no hostel suites obelisco, pra tentar encontrar o Jorge e o Jeff, que eu tinha conhecido por meio do mochileiros.com, e que chegariam nesse dia. Foi super engraçado, porque eu cheguei bem na hora que o Jeff estava fazendo o check in, e tinha dado tudo errado na vida dele naquele dia. Inclusive, ele tinha "quebrado" o dedo mindinho no aeroporto. O Jorge tinha chegado antes e estava na rua dando umas voltas. Fiquei conversando com o Jeff e combinei de passar mais tarde lá. No caminho pro hostel, passei no Florida também e encontrei a Gi chegando do Siga la Vaca. Ela tinha tomado praticamente 1 garrafa inteiro de vinho e tava toda alegre (deduro mesmo!).
§ Fui pro hostel, tomei meu banho, descansei um pouco e voltei pro hostel obelisco, pra encontrar os meninos. Ficamos bebendo, conversando, "jogando" sinuca uma maior tempo. Depois fomos ao florida encontrar a Gi, e mais uma vez as andanças. Quando lá chegamos, a menina da recepção disse que ela tinha ido ao milhouse me procurar. Fomos então pro milhouse. Chegando lá, o rapaz disse que ela tinha voltado pro florida. Voltamos também pro florida. E lá, a mesma menina disse que falou pra ela que nós tinhamos estado lá para procurá-la, e que voltamos pro milhouse, e ela decidiu voltar lá. Só que dessa vez prefirimos ficar lá no Fusion, bebendo e esperando. Esse foi mesmo o dia do "você não sabe o quanto eu caminhei...". Meia hora depois, aparece a Gi. Passamos o resto na noite lá no fusion mesmo. Foi bem divertido. Tava tendo uma festinha, não lembro o tema agora, mas tinha um povo muito doido dançando.
§ Saí de lá depois das 3:00am. Eu ia voltar de táxi, não tanto pela distância, que é curta, mas por ser madrugada e estar sozinha. Mas uma brasileira que conhecemos lá disse que era tranqüilo, pra eu não me preocupar. Os meninos foram mais da metade do caminho comigo, e o resto, uma quadra e meia, eu fui sozinha. Praticamente Rio de Janeiro, onde eu ando sozinha pelas madrugadas.

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