terça-feira, 22 de março de 2011

Cadê eu?

§ Recordo que há algum tempo uma conhecida minha (com a qual não tenho mais contato algum) sempre enviava e-mails (desde piadas até mensagens religiosas, passando por aquelas correntes chatas - mensagens essas que eu deleteva sem nem mesmo ler) pro grupo de contatos dela. Em um final de ano, o de 2002, se eu não me engano, ela decidiu mandar um "e-mail diferente". Por algum motivo, talvez a curiosidade, não deletei aquele. Na mensagem ela escrevia sobre a qualidade que mais admirava em cada uma daquelas pessoas que faziam parte da lista. Por volta de 30 nomes, o meu (seguindo a maldita ordem alfabética - quem tem o nome iniciado lá pelas últimas letras entende por que a ordem é um saco e sempre nos prejudica!) lá pelo final... li algumas características, geralmente de quem eu também conhecia, e cheguei à minha.

§ Não lembro exatamente as palavras que ela usou, mas era algo mais ou menos assim: o que mais admiro na Sara, entre tantas qualidades, é a força de vontade para conseguir o que ela deseja. Se ela diz que quer algo, com muita garra, determinação, honestidade, inteligência e delicadeza ela consegue.

§ Várias outras pessoas igualmente já me disseram, antes e depois desse e-mail, que admiravam a minha determinação. Por causa desta minha característica, eu passei no vestibular de 3 universidades públicas (mesmo tendo estudado praticamente a minha vida toda em escolas também públicas e sem ter feito cursinho), eu viajei sozinha pela Europa e pela América do Sul, eu fui durante um mês, na adolescência, toda semana, à biblioteca do CCBB só pra ler um livro que eu nunca encontrei vendendo em lugar algum e nem em qualquer outra biblioteca (e eles não emprestavam os livros, então eu só podia ler lá), dentre outras coisas.

§ E agora eu tô aqui, desesperadamente procurando essa Sara cheia de garra, de determinação, de força de vontade. Eu estou tão perdida, tão sem saber o que fazer... em uma das minhas últimas crises de choro minha mãe me lembrou que eu já me livrei de situações piores, que ela não entende por que eu estou nesse marasmo, nessa obsolescência, e que eu poderia sair dessa situação. Eu respondi que dessa vez não tenho forças, porque realmente não tenho. E me sinto tão mal por isso, a ponto de desejar a morte. A questão não é ter forças para alcançar os objetivos. A questão é que nem objetivos eu tenho. Pode ser idiota, mas eu me envergonho por isso, porque sei que as pessoas sempre esperaram muito de mim, e elas nem imaginam como estou agora, porque na frente delas eu finjo que está tudo bem. Sinto vergonha.

§ Eu quero encontrar essa força que eu tinha, mas não sei como...

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