sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Bienvenido a Chile


§ Chile, provavelmente o primeiro país latino-americano a ingressar no chamado primeiro mundo. Eles ainda têm muitos problemas para resolver, ainda têm muita pobreza e desigualdade também, mas com certeza estão melhores que nós e quase todos os nuestros hermanos de continente.


§ Este país estreito e fino tem uma vantagem: uma pequena população. Convenhamos que é muito mais fácil "cuidar" de 16 milhões de pessoas que de 190 milhões, como no nosso caso. Só que esse não é o único motivo do desenvolvimento chileno. Há vários, eu não sei todos e de qualquer maneira, o desenvolvimento deles não é o motivo d'eu estar escrevendo este post. Eu só quero mesmo falar um pouco do que eu vi e vivi no Chile, das minhas impressões acerca desse país encantador.


§ Eu já tinha passado rapidamente pelo norte do país em um outro mochilão que fiz, porém foi bem rápido mesmo. Eu precisava voltar ao Chile para conhecê-lo melhor. Eu precisava voltar à terra e palco das narrações da Isabel Allende, que eu tanto gosto. Aliás, acho que foi por causa da Allende que eu passei a gostar do Chile.


§ O primeiro contato com o país é na imigração / aduana: a deles é bem demorada, os funcionários de fato checam tudo, você não pode entrar nem com frutas (eles alegam que é para não levar pragas e nem "roubar" espécies locais). Não que eu tenha viajado por muitos países desse mundão, mas dos poucos que eu conheço, o Chile é o que tem uma das imigrações mais demoradas. Ou seja, já dá uma impressão de "país sério" de primeira.


§ Nessa minha última viagem, cruzei a fronta pela importante rota (que apesar de ser importante, não lembro o nome agora) que liga Mendoza (Argentina) ao país, e que é quase uma linha reta que vai direto a Santiago. Eis então a primeira coisa que me chamou a atenção no: a quantidade de pedágios! Já dentro de Santiago - penso eu, pelo menos - nós passamos por uns 4. Em uns 40 minutos no máximo. Toda hora eu achava que já estávamos chegando à rodoviária e então aparecia mais um pedágio. Depois, conversando com locais, fiquei sabendo que no Chile há mesmo pedágios para sair e entrar nas cidades. E no caso de Santiago, a maior cidade do país (e a única grande "de verdade"), pagar pedágio também é necessário para passar de um bairro a outro, em alguns casos. Por falar em excesso de pedágios, no Chile, como também na maior parte dos países do primeiro mundo, o ensino superior é privado.


§ Andando nas ruas santiaguinas, a segunda coisa que me chamou a atenção foi o fato de os adolescentes se vestirem de maneira muita parecida aos adolescentes japoneses. Sabe aquelas roupas de colegiais e aqueles cortes de cabelo estilosos que a gente vê no Japão? Então, os adolescentes chilenos são praticamente a mesma coisa, só que com olhos menos puxados. É até engraçado, porque por volta de 90% da população é mestiça, ou seja, os chilenos se formaram basicamente da união dos brancos (europeus) com os índios, então a maior parte deles tem a pele branca ou morena clara, os cabelos escuros, geralmente lisos, e aqueles olhos e nariz típicos dos mapoches e incas. Ou seja 2, eles até lembram um pouquinho fisicamente os orientais, deve ter sido por isso que eu os achei parecidos, além da indumentária e do corte de cabelo. Tentei ficar buscando um motivo a mais para semelhança, e com essa coisa de Tratado do Pacífico e acordos de livre comércio que os dois países têm, acho que os japinhas acabaram influenciando mesmo os chilenos. Depois uns outros brasileiros me falaram que os adolescentes também lembravam aquele povo do rebeldes, observação essa que se encaixa muito bem.


§ Por falar em brasileiros, tá aí uma outra coisa que me chamou a atenção: nem em BsAs e em toda Argentina, se duvidar nem em todo o Brasil, eu vi tanto brasileiro como no Chile! Deus meu... acho que estamos descobrindo agora esse país e todo mundo decidiu ir pra lá junto. No meu albergue só tinha brasileiro, em todos os lugares que eu visitei eu só encontrei brasileiro, eu caminhava pelas ruas e só escutava português. Fora o grupo maravilhoso de brasileiros que eu conheci no mochileiros.com e encontrei lá, mas isso é assunto pra outro post.


§ Eu queria bastante conhecer Valparaíso. Além de ser a cidade onde Neruda viveu a maior parte de sua vida, foi também o cenário de muitas das histórias da Allende. E lá fui eu doida pra ver a San Francisco do Pacífico Sul. Achei a cidade um pouco suja e abandonada, deu uma leve pontinha de tristeza. Mas depois de subir o primeiro cerro minha imaginação me levou às histórias que eu tinha lido tantas vezes, e me fez pensar e criar outras. Valparaíso é hoje uma cidade basicamente portuária e o turismo acabou se voltando mais para Viña del Mar, Reñaca e outras praias próximas, o que explicaria o "abandono". Mesmo assim, pretendo voltar lá, e poder caminhar mais devagar pelos cerros, apreciando cada pontinho, cada casinha, cada paralelepípedo, cada detalhe que compõe a essência do lugar.

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