§ Embora eu tenha terminado a faculdade no fim do ano passado, só ontem aconteceu a colação de grau, na qual eu recebi o diploma. Esse era um dos momentos mais aguardados não só por mim, mas para quase todos os formandos. Afinal de contas, foram cinco anos de UFF, para alguns até seis.
§ Foram anos atravessando a baía de Guanabara de segunda à sexta, tendo aulas das 8h até às 22h. Fora as vezes em que só tínhamos aulas pela manhã e pela noite, então passávamos o dia enrolando em Niterói. Foram anos de não-aulas, de aulas (que pareciam) inúteis, de disciplinas repetitivas (usei um mesmo trabalho feito no terceiro período para quatro outras matérias, apenas modificando alguns detalhes), de professores medíocres (embora eu também tenha tido alguns excelentes professores, que merecem todo o reconhecimento do mundo). Foram cinco anos em um curso no qual eu nem sequer acredito ser necessário. Por conta disso tudo e mais algumas coisas, eu estava ansiando por esse momento: me desligar da UFF, do turismo e de Niterói (este último, ledo engano - ainda estudo francês na terra do Araribóia).
§ Pois então, este momento de desligamento, como eu já mencionei, finalmente chegou ontem, e hoje, ao invés de alegria, estou sentindo uma certa tristeza, uma sensação de vazio.
§ Estou tentando buscar os motivos que expliquem essa melancolia. Acho que uma parte se deve ao fim de um ciclo de vida. Mas não é um ciclozinho não, é um grande ciclo. Por exemplo, o ginásio foi um ciclo, o ensino médio outro, e a faculdade por si só também foi um ciclo. Mas todos esses ciclos juntos formam um só, um grande, o da juventude e estudos. Não que os últimos mencionados terminem depois de uma graduação universitária, mas é como se esse fosse um nível mínimo de exigência (não sei se me faço entender): estudar até completar o ensino superior. É como se toda essa fase fosse parte da nossa juventude e, a partir de então, fôssemos de fato adultos. Acho que é isso que está me assustando.
§ Até antes disso, por mais que eu tivesse um milhão de planos e sonhos e metas, havia só um caminho a seguir e eu sabia qual era. A partir de hoje, não. Eu tenho planos sim; quero fazer mestrado e começar a estudar para concurso público. Mas mesmo assim é diferente, porém eu não sei explicar. Talvez seja também porque quando eu era mais jovem imaginava que nessa altura da vida já estaria "encaminhada", com um emprego, um casamento (ou algo próximo disso) e constituindo uma nova família, enfim, sabendo exatamente o que fazer. Só que ocorre o contrário, eu estou bem perdida e embora tenha os planos supracitados, não sei o que fazer.
§ Um outro motivo dessa tristeza pode ser também a preocupação de "perder" os amigos. Uma das únicas coisas que fizeram a UFF valer a pena para mim foram as pessoas que conheci lá. Com elas vivi momentos divertidíssimos, únicos, inesquecíveis. Fiz amigos de verdade e posso dizer sem a menor dúvida que foi a melhor turma com a qual eu estudei desde o jardim de infância. Foi a mais unida. Já no meio do curso nós começamos a nos ver com menor freqüência: iniciamos os estágios, os intercâmbios, e os horários foram ficando diferentes, as grades de disciplinas mais ainda e nós, que éramos da mesma turma, já não estudávamos mais juntos.
§ Ontem mesmo, só uns sete de nós, que começamos juntos o curso, nos formamos (dois já tinham conseguido no período passado). Alguns ainda ficarão em Nikity por 1, 2 ou mais semestres. Só que apesar de não estarmos mais tão juntos assim, parece que a última noite foi mesmo o ponto final. Acabou.
§ Eu sei também que a amizade que construímos não terminará com a UFF, mas é inevitável que tomemos rumos diferentes (mesmo ainda não sabendo quais) nessa nossa nova etapa de vida. Eu sei que eu vou viver grandes e ótimos momentos a partir de agora. Mas talvez seja essa minha mania de ficar olhando para o passado que me cause essa melancolia. Não adianta. Como diz a Isabel Allende, "a nostalgia é o meu vício".
[...]
§ Então acabou. The end, é o fim. But I still haven't found what I'm looking for.
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