quinta-feira, 25 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
O segredo dos seus olhos
§ Já tem um tempo que sou grande fã do cinema argentino, e em especial, dos filmes do Juan José Campanella.
§ Não sou uma pessoa muito consumista, mas na última vez que estive em Buenos Aires, fui ao El Ateneo e queria gastar todo o meu dinheiro em dvd’s de filmes argentinos. Trouxe um bocado na mochila (e só não comprei mais por falta de dinheiro), e ainda há alguns que eu nem consegui ver.
§ Por incrível que pareça, o primeiro filme do Campanella a que assisti não foi o semi-badalado El hijo de la novia (o filho da noiva) e sim, o maravilhoso Luna de Avellaneda (clube da lua), que se tornou o meu terceiro filme favorito (só perde pra Noviça rebelde e Amélie Poulain). Depois disso comecei a garimpar nas livrarias e estabelecimentos afins, os demais filmes do Campanella. E que maravilha é poder se deleitar com uma película tão delicada e divertida, daquelas que te fazem sorrir e logo em seguida encher os olhos d’água.
§ Coincidência ou não, de uns tempos pra cá não tenho tido paciência pra assistir a esses filmes hollywoodianos, meio blockbusters. Tenho preferido filmes com narrativas mais simples e até cheias de lugares-comuns (entendeu a ligação? rs), mas que acabam se transformando em histórias mais interessantes e surpreendentes. Acho que foi por isso que me apeguei tanto ao cinema argentino e passei a aguardar ansiosamente pelos lançamentos do Campanella.
§ Eu já tinha lido muitas críticas favoráveis ao El secreto de sus ojos, e acreditem ou não, antes mesmo de assisti-lo eu pressentia que seria indicado ao Oscar. Estava contando os dias para começar a passar aqui no Brasil e logo no primeiro dia da pré-estreia fui, sob um calor infernal, ao estação botafogo, para prestigiar e me deliciar com a produção. Gostei muito. Tenho que salientar, porém, que esse filme tem um estilo um pouco diferente dos demais do Campanella. Enquanto as outras películas se caracterizavam como comédias dramáticas, el secreto é classificado como suspense. Tem uma narração mais rápida e uma história mais forte, mas o diretor conseguiu colocar seus característicos toques de humor e delicadeza, que me encantam tanto.
§ Só apesar de ser um bom filme, eu tinha 99% de certeza de que não levaria a estatueta. Primeiro, porque até comparado aos demais filmes, não acho que el secreto seja o melhor do Campanella. Apesar de amar o luna de avellaneda, tenho que admitir que el hijo de la novia, num conjunto, é a melhor produção dele, tanto que também foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Depois também, porque na premiação deste ano, el secreto tinha como concorrente A fita branca, um filme que retrata a perseguição aos judeus na Alemanha nazista. E convenhamos (eu especialmente, como estudante da Memória e Patrimônio do Holocausto), a “Academia” ADORA um filme sobre o Holocausto, que mesmo tendo sido real, acabou se transformando em uma indústria (quando na verdade deveria servir para educar).
§ Foi por isso que ontem eu me surpreendi com a vitória de el secreto. Não esperava mesmo que levasse o prêmio, mas foi uma surpresa muito boa e estou muito feliz pelo cinema argentino e pela América Latina.
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